Esta data no Evangelho (11 de julho)

Francisco Muniz




Hoje, 11 de julho, o capítulo do Evangelho de Lucas correspondente ao dia trata do Pai Nosso, a oração que Jesus ensinou a seus discípulos para que nos mantenhamos ligados à dimensão divina. Por isso a Bíblia de Jerusalém, que utilizamos nestas reflexões, intitulou assim esse capítulo, cujo versículo 7 devemos comentar. Entretanto, esse versículo encontra-se no meio de uma frase e, para que não fique sem sentido, é mister narrar toda a parábola, que começa no versículo 5:

"Disse-lhes ainda: "Quem dentre vós, se tiver um amigo e for procurá-lo no meio da noite, dizendo: 'Meu amigo, empresta-me três pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e nada tenho para lhe oferecer', e ele responder de dentro: 'Não me importunes; a porta já está fechada, e meus filhos e eu estamos na cama; não poso me levantar para dá-los a ti'; digo-vos, mesmo que não se levante para dá-los por ser amigo, levantar-se-á ao menos por causa da sua insistência, e lhe dará tudo aquilo de que precisa."

Eis aí a razão pela qual devemos apelar constantemente pela assistência da Providência divina, que a ninguém abandona, cumulando de misericórdia aqueles necessitados do pão espiritual que, pela fé, bate a qualquer hora do dia na porta do Criador.

O próprio Jesus é esse amigo da parábola a quem importunamos e que em nome de Deus, mesmo em hora imprópria, se dispõe a atender nossos pedidos movidos pela necessidade. No entanto, a divina solicitude agirá sempre de acordo com a soberana Justiça, de modo que nossos apelos serão atendidos também em decorrência de nosso merecimento.

Ainda assim, o Mestre nos ensina a perseverar no pedido - e aí vemos a aplicabilidade do dito popular "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura" -, indicando que a insistência produzirá algum fruto, como se deu com a mulher siro-fenícia que O importunou pleiteando a cura de sua filha enferma.

As preces têm esse condão de, pela repetição, levar nossas aspirações até os "ouvidos" magnânimos da Divindade, desde que essa insistência seja sincera e saia realmente do fundo do coração, e não da boca para fora, por interesses egoísticos.

Importa entender também que essa insistência não deve ser como nossa proverbial teimosia, conceituada pela ação conhecida popularmente como "malhar em ferro frio", quer dizer, fazermos algo continuamente sabendo que não resultará em proveito algum.

Convém notar, também, que a única fórmula de prece que Jesus ensinou foi a do Pai Nosso, "um primor de síntese", segundo Allan Kardec, que deve ser pronunciada com todo sentimento, a fim de que chegue até Deus e seja atendida pelos divinos Emissários encarregados de nos auxiliar, direta ou indiretamente, no tempo propício e não no momento que queremos, posto ser necessário nos humilharmos perante o Todo Poderoso.

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