Jesus: somente Tu tens as palavras da vida eterna

Adilton Pugliese


Narram os evangelistas Mateus (26:6-13) e Marcos (14:3-9) que, dias antes do episódio dramático do julgamento e da crucificação, estava Jesus em Betânia, cidade que ficava a uma hora de Jerusalém, e era cercada por imensos campos de cevada e pequenos bosques de olivedos e figueiras, que sombreavam a estrada de Jericó. Estava ele em casa de Simão, o leproso, quando se aproximou uma mulher, trazendo um frasco de alabastro de perfume precioso e pôs-se a derramá-lo sobre a cabeça de Jesus, enquanto Ele estava à mesa.

Ao verem isso, os discípulos ficaram indignados e diziam: qual o motivo deste desperdício? Pois isso poderia ser vendido caro e distribuído aos pobres. Mas Jesus, ao perceber essas palavras, disse-lhes: por que aborreceis a mulher? Ela, de fato, praticou uma boa ação para comigo. Na verdade, sempre tereis os pobres convosco, mas a mim, nem sempre tereis. Derramando esse perfume sobre meu corpo, ela o fez para me sepultar. Em verdade vos digo que, onde quer que venha a ser proclamado o evangelho, em todo o mundo, este momento jamais será esquecido. Fazendo-se uma analogia com essas lembranças da vida do nazareno, podemos declarar, dois mil e oito anos depois do Seu nascimento, que Sua vida continua sendo proclamada em todo o mundo, como dias gloriosos que jamais serão esquecidos.

O escritor Paul Johnson, em reportagem publicada na revista Seleções do Reader's Digest, em dezembro de 1999, considera e reflete que se Jesus voltasse às vésperas do terceiro milênio "encontraria vários fenômenos estranhos, uma Terra totalmente modificada, comparando-se com a época que Ele aqui esteve. Entretanto, Ele encontraria em várias partes do mundo fenômenos familiares: os ecos precisos de Suas próprias palavras. Ele observaria que Suas apalavras não perderam a importância, e que em diversos templos religiosos do mundo continuam sendo pregadas": perdoa setenta vezes sete cada dia; esquece todo mal; serve sem recompensa; onde estiver o teu tesouro, aí esteja o teu coração; procura a verdade para que a verdade te encontre; se teu irmão exige caminhada de mil passos, avança dois mil; a quem te pedir a capa, cede igualmente a túnica; ora pelos que te perseguem; bem-aventurados os que choram, porque serão consolados; Eu sou o caminho, a verdade e a vida; não se turbe o vosso coração, crede em Deus, crede em Mim; vinde a Mim todos vós que sofreis.

O historiador confirma, assim, que as palavras de Jesus constituem o Seu sucesso póstumo e é o único pensamento mundial que tem permanecido inabalável por mais de dois mil anos, caminhando para se transformar no grande ideal transformador do atual terceiro milênio.

Em singular diálogo com o Cristo, em momento decisivo de Sua missão, Pedro identificou a importância dos ditos do Senhor. Alguns ouvintes do Mestre achavam rigoroso o Seu discurso. Os discípulos murmuravam a respeito. Alguns voltaram atrás e O abandonaram. Jesus indaga aso doze: Não quereis vós também retirar-vos? E Pedro responde: "A quem iremos nós? Somente Tu tens as palavras de vida eterna" (João, 6:60-68).

Os discursos do Cristo permanecem em caminho de perenidade e emergenciais porque, segundo o Espírito Amélia Rodrigues, no livro Dias Venturosos, psicografado pelo médium Divaldo Franco, "rasgam as carnes da alma, como lâminas aguçadas, que cicatrizam logo com o bálsamo da esperança", afirmando que "o que Jesus pregava era uma revolução, não de morte, mas de vida; não para a espada, mas para a paz".

Allan Kardec (1804-1869), o inesquecível Codificador da Doutrina Espírita, teve a exata percepção da importância dos ensinos de Jesus, ao destacar, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, que eles representam um código divino, que "constitui uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça".

Que neste Natal possamos, portanto, meditar em torno das palavras eternas do Cristo e refletir, com a Venerável Educadora baiana, que hoje, tanto quanto ontem, todos necessitamos de Jesus descrucificado, do homem incomparável que arrostou todas as consequências pela coragem de amar, a ponto de dar a própria vida, para que todos tivéssemos vida em abundância.

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