Eufemismos

Francisco Muniz


Há, pelo menos, seis outras maneiras de nos referirmos ao Espiritismo:

1 - Doutrina Espírita;
2 - Doutrina dos Espíritos;
3 - moderno Espiritualismo;
4 - Terceira Revelação; 
5 - Consolador prometido; e
6 - Cristianismo redivivo.

A palavra Espiritismo é um neologismo criado pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, alterego de Allan Kardec ao codificar os ensinamentos recebidos, na França de meados do séc. XIX, dos prepostos de Jesus. Assim se explica a conceituação de Doutrina Espírita (1), ou dos Espíritos (2), posto lidarmos com um corpo doutrinário decorrente daqueles ensinos, deixando claro não se tratar de criações dos homens (espíritos encarnados).
Esses ensinos se espalharam rapidamente pela Europa, cativando a atenção de intelectuais, nobres e gente do povo, ao ponto de Sir Arthur Conan Doyle, então famoso como autor das histórias protagonizadas pelo detetive Sherlock Holmes, compor uma verdadeira enciclopédia sobre assuntos transcendentes que batizou de História do Moderno Espiritualismo (3).
Para Allan Kardec, o Espiritismo constitui a Terceira Revelação (4) de Deus aos homens, levando-se em conta que a primeira subsiste em Moisés, o grande legislador dos hebreus, e a segunda repousa em Jesus, o Messias dos judeus. Como se percebe as duas primeiras revelações se assentam sobre figuras humanas, ao passo que o Espiritismo dispensa essa necessidade e adquire características próprias.
Entretanto, é a Doutrina Espírita, segundo o Codificador, a concretização da promessa feita pelo Cristo a seus discípulos antes do sacrifício na cruz (5). De acordo com Kardec, citando o Evangelho de João (14:15 a 17 e 26) "Jesus promete outro consolador: é o Espírito da Verdade, que o mundo ainda não conhece, pois que não está suficientemente maduro para compreendê-lo, e que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para fazer lembrar o que Cristo disse. Se, pois, o Espírito da Verdade deve vir, mais tarde, ensinar todas as coisas, é que o Cristo não pôde dizer tudo. Se ele vem fazer lembrar o que o Cristo disse, é que o seu ensino foi esquecido ou mal compreendido.
"O Espiritismo vem, no tempo assinalado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito da Verdade preside ao seu estabelecimento. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas, fazendo compreender o que o Cristo só disse em parábolas. O Cristo disse: “que ouçam os que têm ouvidos para ouvir”. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque ele fala sem figuras e alegorias. Levanta o véu propositalmente lançado sobre certos mistérios, e vem, por fim, trazer uma suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, ao dar uma causa justa e um objetivo útil a todas as dores."
E justamente por ser o cumprimento das promessas de Jesus, a Doutrina codificada por Allan Kardec traz em seu bojo a responsabilidade de nos fazer recordar as palavras consoladoras quão libertadoras do Mestre de Nazaré e de complementar seus ensinos nos pontos que não podíamos antes compreender. Desse modo, o Espiritismo é a chave que permite compreendermos as lições do Cristo e praticá-las mais judiciosa e eficazmente (6).
É como relata o Espírito André Luiz, nas páginas de Evolução em Dois Mundos: "Moisés instalara o princípio da justiça, coordenando a vida e influenciando-a de fora para dentro. Jesus inaugurou na Terra o princípio do amor, a exteriorizar-se do coração, de dentro para fora, traçando-lhe a rota para Deus. E eis que o Cristianismo grandioso e simples ressurge agora no Espiritismo, induzindo-nos à sublimação da vida íntima, para que nossa alma se liberte da sombra que a densifica, encaminhando-se, renovada, para as culminâncias da Luz".

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Referência:
Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, ed. IDE, SP.
Xavier, Francisco C. - Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz; ed. FEB, RJ.

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