Cera, será, serão!

Francisco Muniz


Caminhando um dia pelos corredores do mosteiro, o mestre observou o desgaste no assoalho de madeira e perguntou ao discípulo:
- O que é preciso para que este chão ganhe mais vida?
O discípulo pensou um pouco e respondeu:
- Cera.
Pouco depois, o discípulo se ocupou de preparar a cera e o assoalho para o trabalho de embelezamento. Durante todo o dia ele varreu o assoalho, limou as asperezas da madeira e por fim iniciou o espalhamento da cera para posteriormente passar o escovão.
Nesse ínterim, o mestre retornou para inspecionar a atividade a que o discípulo se entregara e indagou:
- Será possível que até a noite esse assoalho esteja brilhando?
O discípulo, consciente do bom trabalho que realizava, abriu um sorriso e exclamou:
- Será!
Mas veio a noite e o trabalho ainda não havia terminado. Bem mais tarde, após a ceia, o mestre, voltando para seus aposentos, encontrou o discípulo ainda entregue a seus afazeres e o questionou:
- O que está fazendo aí a esta hora?
O discípulo, sem acusar qualquer enfado ou aborrecimento, declarou:
- Serão!

Comentários