A Codificação não disse tudo

Saara Nousiainen


É impossível aceitar a ideia de que o conhecimento espiritual tenha parado na codificação da doutrina espírita. Isso não faz sentido. Se o conhecimento material vai se ampliando cada vez mais, abrindo sempre novos e renovados horizontes para o saber, por que acreditar que já sabemos tudo sobre as coisas espirituais, sobre o que acontece além das fronteiras da nossa acanhada capacidade de entendimento?
Se Jesus não falou a seus seguidores, por exemplo, sobre reencarnação, foi porque não entenderiam, conforme Ele mesmo disse: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora;” (João, 16.12,13”), informando ainda, que enviaria o Espírito de Verdade para ensinar todas aquelas coisas, mas não disse que ele ensinaria TUDO.
O extraordinário trabalho de Kardec e dos espíritos que o assessoraram na codificação do Espiritismo, trouxe a base do conhecimento espiritual, mas sobre essa base o ser humano está - e vai continuar - encontrando infinitas outras construções, podendo devassar os horizontes do “espiritual” que se estendem pelos ilimitados caminhos por onde a matéria e a vida em todas as suas expressões seguem suas jornadas evolutivas.
Será que nos meados do século XIX alguém iria dar crédito à Codificação se os espíritos tivessem falado sobre as faixas vibratórias que circundam a Terra, começando pelas mais grosseiras, de vibrações lentas, produzidas pelas mentes e emoções das pessoas e dos espíritos moral e espiritualmente mais atrasados, que habitam a crosta da Terra e suas proximidades? E se tivessem dito que nessas faixas a vida se manifesta como a continuação da vida terrena, tornando-se cada vez mais sutis, belas e sublimadas quanto mais se subiria nessa escala evolutiva, habitadas por espíritos também cada vez mais evoluídos?
Não iriam entender nem crer que essas faixas inferiores mais próximas da Terra seriam uma espécie de abrigo-escola, abrigando espíritos, cuja maioria ainda precisa reencarnar para reconciliar-se com inimigos que tenham deixado, reajustando-se assim perante a Lei Maior, e onde existe de tudo para o crescimento interior dos habitantes, como trabalho, lazer, escolas e instituições inúmeras, com atividade incessante, onde os mais evoluídos e capacitados participam de missões de auxílio, orientação etc., na crosta terrestre, como também de ajuda a espíritos que sofrem nas regiões inferiores, quando estes acabam compreendendo seus erros e deles se arrependendo, podendo ser socorridos e conduzidos a alguma instituição de auxílio, orientação e encaminhamento na dimensão espiritual compatível.
Mas certamente, nestes mais de 160 anos desde a codificação do Espiritismo, o ser humano já se capacitou a assimilar ideias bem mais avançadas.
Se a Ciência material evolui cada vez mais poderosamente, a espiritual não poderia ficar estagnada, e sua evolução se tem mostrado da mesma forma como na codificação, pelos espíritos iluminados, através da mediunidade.
E porque deveríamos continuar a crer que depois da morte ficaremos vagando por aí como espíritos errantes, “almas penadas”?
Isso não faz sentido.
E como poderemos evoluir espiritualmente se não tivermos esses mundos semelhantes ao nosso para podermos vivenciar os aprendizados necessários tanto para o conhecimento quanto para o amor, posto que a evolução não decola se uma dessas asas for menor que a outra?
Se não houvesse esses mundos espirituais no entorno dos planetas habitados, que pudessem proporcionar essa continuidade à evolução dos seres nos intervalos de suas reencarnações, onde eles pudessem viver, aprender, evoluir, e retornar à matéria para fortalecer seus aprendizados e um dia seguir adiante, crescendo no conhecimento, no amor e no poder, auxiliando na condução da vida e da matéria, na ilimitada jornada de volta ao Criador, haveria uma terrível ruptura no caminho da evolução.
E que expectativa mais tenebrosa para o além da morte: viver errante, flutuando no espaço por décadas, por séculos, vivendo apenas a vida mental, até reencarnar para uma existência que talvez seja muito sofrida...
NÃO. NÃO FAZ SENTIDO.

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