Estudando O Livro dos Espíritos / Leis Morais


Francisco Muniz - 


1. Da Lei de Conservação

A conservação se refere à vida em si mesma. Tudo no Universo, embora a visão materialista enxergue mais a entropia (estado de caos), é ordem garantida por leis tão sábias quanto perfeitas, daí serem imutáveis como o próprio Deus, que as criou. Essas leis abrangem tanto os astros que traçam sua trajetória no espaço infinito quanto os minúsculos elementos constituintes de cada globo onde a vida estua sobranceira, mercê da bondade do Todo Poderoso. No que se refere aos Espíritos encarnados, isto é, aos homens, a lei de conservação garante a manutenção das condições do corpo humano, uma vez que o Espírito necessita de um aparelho equilibrado o quanto possível para se manifestar no plano material. Percebe-se, portanto, que aqui não cuidamos das exceções à regra. Por isso o dito antigo do poeta romano Juvenal: “Mens sana corpore sano”, ou seja, mente sã, corpo são, vem bem a calhar.



2. O instinto de conversação

É, se assim podemos nos expressar, a ferramenta interna que nos garante o medo de morrer, em consequência levando-nos a preservar o vaso físico. Como dizem os Benfeitores Espirituais, “devemos cuidar do corpo como se fôssemos viver cem anos, e do espírito como se fôssemos desencarnar amanhã”. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no tópico 11 do capítulo XVII (“Sede perfeitos”), o Espírito George nos conclama a cuidar do corpo e do espírito, desfazendo a falsa concepção de que a perfeição moral – e consequente elevação espiritual - consistiria na maceração do corpo.



3. Dos meios de conservação

Deus, com sua presciência, fez com que não falte o necessário à conservação das condições de vida na Terra, através da ação da Providência. No entanto, os homens abusam desses recursos da Divindade e julgam que o planeta não produz o bastante para todos. A escassez e seus resultados, como a fome que afeta populações em vários países do chamado Terceiro Mundo, são fruto da má administração daqueles recursos pelo homem ignorante das leis divinas que mesmo assim haverá de prestar contas de seus atos.



4. Do gozo dos bens terrenos

Segundo o filósofo Huberto Rohden, “não se pode gozar o mundo de Deus sem o Deus do mundo”. Para Jesus, o homem não precisa se preocupar com o que vestir, comer ou beber, porquanto a bondade do Pai nos garante sempre o necessário, sendo, assim, obrigatório agirmos com sensatez e parcimônia, manifestando compromisso com a boa administração das coisas de Deus. Desse modo é que se chega ao equilíbrio entre o uso e a renovação e a manutenção desses bens, uma vez que seremos punidos pelos excessos. A esse respeito, convém lembrar que no pórtico do Oráculo de Delfos, dedicado ao deus Apolo, além da célebre frase “Homem, conhece-te a ti mesmo” havia esta outra: “Nada em excesso”.



5. Sobre o necessário e o supérfluo

A Providência Divina dotou a Terra com o necessário para a sobrevivência do homem na face do planeta, onde se exercita para o desenvolvimento de suas faculdades com vistas à evolução espiritual. Por ser racional, o homem conhece intuitivamente o limite entre a necessidade e o abuso, mas consegue ultrapassá-lo por não se encontrar suficientemente moralizado, causando prejuízos a si mesmo e aos demais. Uma vez que as leis de Deus são desconhecidas para ele, a usurpação dos bens da Terra, numa civilização material, cria o supérfluo que excita a cobiça e convida à lassidão.



6. Privações voluntárias. Mortificação

É natural que o homem busque o bem-estar, desde que isto não seja às expensas de seu semelhante. Mas é preciso que esse bem-estar decorra do trabalho que se deve realizar, para o que é necessário preservar as forças orgânicas. Desse modo, as privações voluntárias e as mortificações impostas ao corpo haverão de ter um motivo fundado na razão e na abnegação, caso contrário implicarão infração das leis de Deus. Somente o que é verdadeiramente útil nas ações do homem será agradável ao Pai.

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