O exemplo de Belarmino

Francisco Muniz



Eu devia fazer como Belarmino.
Belarmino é o nome do avô de um amigo que um dia lhe perguntou:
- Vovô, por que o senhor vai todo mês ao médico, compra os remédios que ele passa e não toma nenhum?
Belarmino então respondeu, demonstrando uma consciência das mais amplas:
- Eu vou ao médico, e pago a consulta, porque o médico precisa viver. Compro o remédio que ele receita porque o farmacêutico precisa viver. E guardo os remédios em casa porque eu preciso viver!
Belarmino sabia das coisas. Hoje sabemos que a maioria das drogas medicamentosas produzem efeitos colaterais que vão exigir a aplicação de outras drogas. Os médicos sabem disso e aconselham evitarmos a automedicação. Mas isso não interessa à indústria farmacêutica e assim as farmácias proliferam indiscriminadamente. Dão emprego e alívio a uns e muita dor de cabeça a outros, incautos que são.
Se eu fizesse como Belarmino, saberia manter minha saúde com equilíbrio, disciplinando-me no comer, no beber e, principalmente, no pensar, no falar, sentir e agir. Porque, conforme nos dizem os homeopatas, não há doenças, mas doentes, revelando que nossos males radicam bem mais na alma, ou na mente, que no corpo.

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