Uma história do Pe. Lancelotti

(Autor desconhecido)



"Há muito tempo, ouvi, em entrevista na televisão, o padre Júlio Lancelotti contar uma história de que jamais me esqueci. Costumo contá-la sempre. Hoje, conto-a aqui.

Como se sabe, o padre Júlio é membro ativo da Pastoral do Menor em São Paulo. Certo dia, foi levado a um dos albergues que recolhem menores abandonados um menino jovenzinho, por volta de treze anos. Tinha quase nada de corpo, cerca de 30 quilos e uma doença em fase terminal.

No albergue, foi banhado, alimentado, medicado. Todos queriam tornar os últimos tempos de sua estada na terra o menos dolorosos que fosse possível.

Passando por lá, em visita de rotina e caridade, o padre Júlio foi levado ao menino. Conversa que conversa, perguntou-lhe que sonho ele, o menino, tinha, uma coisa que quisesse muito fazer. O menino, sem muito pensar , respondeu:
- Queria muito visitar uma igreja. Nunca entrei numa. Sempre fiquei na porta, na escada, quando havia.

Padre Júlio não se fez de rogado. Pediu que preparassem o jovenzinho e pondo-o no colo levou-o à Catedral da Sé.

Lá chegando, sempre com o menino nos braços, padre Júlio foi mostrando-lhe a bela catedral paulista. Apresentava-lhe os santos, contava suas histórias, explicava amorosamente a fé talhada na pedra, na madeira, na cor.

Ao chegarem em frente à imagem do Coração de Jesus, o menino mostrou-se
vivamente impressionado. Após algum tempo de contemplação, perguntou à queima-roupa:
- Padre, por que ele tem o coração do lado de fora?

Contou o padre Júlio que ficou paralisado. Isto lá é pergunta que se faça? Nunca havia pensado em tais porquês.

De repente, veio-lhe a luz e, com ela, a resposta:
- Ele tem o coração assim, do lado de fora, porque ama muito.

Satisfeito com a resposta, padre Júlio sentia-se aliviado.

Mas o menino saiu-se com esta:
- Mas, padre, não dói?

Ao contar o fim da história, o rosto de padre Júlio iluminou-se.
- Dói, meu filho, mas vale a pena.

Com ele, eu repito: viver com o coração exposto, sujeito a todo tipo de
sangramento, dói, mas vale a pena."

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