JOÃO DE DEUS - Médiuns de Cura

Saara Nousiainen



Nos anos 1970, quando abracei o Espiritismo e ele me abraçou, já residindo em Fortaleza, lidei de perto com atividades de operações espirituais, primeiro com o médium Edson Queiroz, do Recife, que operava com Dr. Fritz e, mais tarde, depois da desencarnação de Dr. Edson, com outro médium, de S. Paulo, que operava com o mesmo espírito.
Quando Dr. Edson começou a operar em Fortaleza, havia pouco tempo que eu fazia o programa “Momento Espírita” na Rádio Cidade AM, sempre aos domingos, 8:00 da manhã. A audiência era excelente, mesmo porque ainda não havia rádios FM. Fiquei muito empolgada por poder narrar aos ouvintes as atividades daquele médium, e passei a assistir a todas as operações que Dr. Fritz fazia.
Tive então ocasião de assistir a coisas incríveis, como a operação cardíaca em uma amiga minha, a Olga, filmada por um canal de TV e assistida por vários médicos que, horrorizados, viram Dr. Edson/Fritz abrir um corte no peito dela com um bisturi lavado na torneira da pia; depois enterrar várias agulhas de injeção, também não esterilizadas, dentro do corte. Tudo isso sem qualquer sangramento ou dor.
Um dos médicos disse que iria processar Dr. Edson, porque aquele corte iria inflamar e causar graves danos à paciente. Dr. Fritz pegou então num dedo do médico e o esfregou dentro do corte, informando que tudo naquele ambiente estava esterilizado pelos espíritos de sua equipe. Retirou as agulhas e colocou um esparadrapo sobre o corte. Pude acompanhar todo o processo de cicatrização do corte, que nunca apresentou qualquer sinal de secreção, mas foi cicatrizando de dentro para fora.

Muitas vezes, após as operações, Dr. Fritz reunia a equipe de apoio, respondendo perguntas e dando as mais diversas explicações. Numa delas, ele falou sobre as imensas dificuldades que um médium de cura tem ao operar, porque lida dentro de um ambiente vibratório pesado, formado pelos pensamentos e emoções dos presentes, dos que duvidam, dos curiosos, dos desesperados e dos que ficam pedindo a cura para si ou para outra pessoa, etc., e isso, por horas e horas a fio.
Há também a questão do orgulho e da vaidade, difíceis de serem controlados diante da bajulação e do endeusamento. Tudo isso explica porque dificilmente tais médiuns continuam por muitos anos livres da influência de obsessores, vivenciando os mesmos ideais, sem quedas e tropeços.

E Dr. Edson começou a ficar famoso, passando a operar nas mais diversas partes do país e acabou se afastando do Grupo Espírita que lhe dava suporte.
Logo começaram a surgir rumores de que ele estava cobrando pelas operações, mas não creditei, até que, certo dia, num elevador, duas senhoras conversavam, indignadas com Dr. Edson. Não resisti e perguntei-lhes a razão. Uma delas contou que o marido estava com uma doença muito grave e ela, mesmo sendo católica, entrara em contato com a secretária do Dr. Edson, que era sua própria esposa, e ela cobrara 20 mil (acho que eram cruzados), além de todas as demais despesas, para ele ir a Fortaleza opera-lo. Disse que ele foi, olhou o paciente, passou-lhe um remédio qualquer e foi embora. Diante da minha incredulidade ela disse que tinha os comprovantes em casa. Com a sua anuência fui até lá e trouxe o comprovante da transferência bancária, etc.
Confesso que fiquei arrasada. Mandei um e-mail para Dr. Edson, dizendo que sabia de tudo e pedi-lhe para parar com as cobranças, mas ele não me atendeu. Falei então com um espírita da equipe dele, e pedi para dizer-lhe que, caso não fosse atendida, iria publicar a verdade no jornal ELO, que circulava nos meios espíritas.
Como ele não atendeu, fiz a publicação, o que me rendeu uma chuva de artigos indignados comigo em jornais espíritas, dizendo que eu estava levantando terrível calúnia contra um grande médium, etc... Isso, no entanto, foi necessário, porque ele continuava a se apresentar em nome do Espiritismo e era acolhido em instituições espíritas para operações e curas.

No caso do Dr. Edson, tudo indica que foi o próprio Dr. Fritz quem promoveu sua desencarnação, certamente com autorização superior, levando-se em conta seus méritos e evolução espiritual, isto, para que ele não continuasse a cair mais e mais.

Fiz toda essa narrativa porque acredito que o João de Deus tenha iniciado sua carreira mediúnica de forma limpa, mas começara a cair e cair cada vez mais baixo, mais baixo, chegando nessa miséria espiritual em que se encontra.
Também é preciso pensar em que um trabalho como aquele de Abadiânia deve ter sido objeto dos mais poderosos ataques das Trevas que, infelizmente, encontraram terreno em seu coração.

Por tudo isso, peço aos companheiros espíritas orarem por todos os médiuns que estão em atividade, tanto nas curas, na desobsessão, na psicografia, na oratória, ou quaisquer outras que os exponham mais fortemente aos ataques das Trevas.

Que o Senhor da Vida ampare e proteja todos os médiuns honestos.

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