Recapitulando o aprendizado

Francisco Muniz


Conforme lemos e estudamos no primeiro capítulo de Perturbações Espirituais, o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, que ditou o livro à mediunidade psicográfica de Divaldo Franco, cita algumas expressões e palavras que não são habituais em nosso vocabulário, mas aparecem sobremaneira na vasta literatura espírita. Recordamos que Allan Kardec, quando ainda trabalhava na codificação dos conceitos exarados pelos Emissários de Jesus, interessou-se em publicar um dicionário desses termos, mas não pode concretizar o intento. Ainda assim, o sábio de Lyon, como o Codificador também ficou conhecido, legou-nos um glossário que pode ser observado nas últimas páginas de O Livro dos Médiuns. Voltando a Philomeno, vejamos aqui alguns exemplos, sobre os quais teceremos breves comentários.


Zimbório – Esta palavra, naturalmente dicionarizada mas não popularizada, refere-se, na literatura espírita, à abóbada celeste, mas como metáfora, porquanto o termo se prende especificamente à arquitetura, significando “a parte mais alta e exterior da cúpula, em forma de torre, em geral circular ou octogonal, das igrejas e edifícios de grande dimensão”. Nas obras de André Luiz e Emmanuel, por exemplo, essa palavra aparece com frequência para destacar as condições exclesas do espaço no entorno da Terra, especialmente observado do ponto de vista dos habitantes mais evoluídos do Plano Espiritual.

Psicosfera – O termo foi criado pelo Espírito André Luiz para designar o halo energético de que se revestem todos os seres pensantes. Significa a atmosfera fluídica resultante dos pensamentos e emoções próprios dos homens e dos Espíritos desencarnados em constante intercâmbio. Essa atmosfera pode ser salutar ou perniciosa a depender do teor energético da emissão. Quando perniciosa, transforma-se em campo propício para a ação maléfica de Espíritos obsessores. Se benéfica, facilita em muito a atuação dos Benfeitores espirituais junto à Humanidade.

Pulcritude – O dicionário nos diz que tal palavra quer dizer beleza ou formozura, de modo que corresponde à condição de tudo que é belo. A Criação divina tem três características: a beleza é uma delas, além da justiça, ou bondade, e da verdade. É fácil notar a beleza da Criação principalmente nos seres da Natureza. Mas convém observar que o homem é também um desses seres, daí entendermos que há em todos nós uma beleza intrínseca, a essência espiritual, que é originalmente divina e, portanto, luminosa. Cabe-nos exteriorizar essa luminosidade o quanto possível e ada vez mais, obedecendo à exortação do Cristo: “Deixai brilhar vossa luz.” Assim aformoseamos a alma.

Encômios – São nossos populares elogios. No livro, Philomeno diz que eles são evitados por Ovídio na apresentação da Entidade que descia de Esfera mais alta para convocá-los ao trabalho na Crosta. Foram citados alguns pormenores da condição evolutiva desse Espírito, no qual bem que podíamos reconhecer a própria Joanna de Ângelis, a qual já declarou ter vivido à época de Francisco de Assis, sendo mesmo identificada como aquela Clara que ingressaria na ordem criada pelo Poverello e fundaria, por sua vez, a ordem das Clarissas. Fica claro, portanto, que ante tal predicado os elogios fossem mesmo dispensáveis.

“Amor não amado” – Esta expressão, tão ao gosto de Joanna de Ângelis quanto de Amélia Rodrigues, refere-se a Jesus, o Cristo de Deus, por sua condição espiritual perante a Humanidade. É Ele o Amor em sua mais profunda expressão, vinda ao mundo para a redenção dos homens que, entretanto, não souberam compreendê-Lo nem aceitá-Lo. Perante Deus, é o Amado, ao passo que o Criador é o Amante que de si mesmo derrama-se abundantemente sobre todos em seres da Criação. Por sermos também Seus filhos, somos igualmente amados, mas é preciso reconhecermos essa condição. Essa é a razão pela qual o Cristo desceu dos altiplanos siderais da Espiritualidade para nos convocar ao esforço da subida, no rumo da evolução.

Conversos – Ou convertidos, são, no livro, os Espíritos que abdicaram de caminhar à margem do Bem e voltaram, como ovelhas transviadas, ao aprisco. Genericamente, a conversão é uma mudança de credo ou de religião. Na essência, porém, é o ato de abandonar conscientemente as ilusões da matéria (Mamom) e escolher o caminho que leva à união em Deus. Assim é que no Livro de Ezequiel, no Velho Testamento, é dito que “Deus não quer a morte do ímpio (ou do pecador), mas sua conversão.” Essa passagem, a propósito, foi colocada por Allan Kardec como epígrafe do livro O Céu e o Inferno.

“Filhos do Calvário” – Somos nós, isto é, todos aqueles que, uma vez identificados com a doutrina de Jesus, não se furtam aos testemunhos redentores, por mais dolorosos que pareçam. A rigor, a expressão se aplica a todos os cristãos, estejam eles compenetrados ou não de sua condição de servidores ou de simples seguidores, porque chegará, um dia, para todos, a hora do sacrifício, o momento crucial da vida em que cada um de nós terá de renunciar ao “bezerro de ouro” para assumir posição perante o Cordeiro de Deus.

Calcetas – Esta palavra designa os Espíritos ainda empedernidos no mal, aqueles que, teimosamente, recusam os doces apelos do Bem e se mantêm na revolta, procrastinando sua felicidade. É em prol deles que a Providência Divina manifesta sua ação misericordiosa, posto que a Lei de Progresso vige em todo o Universo e todos os filhos de Deus são chamados ao aperfeiçoamento da Obra da Criação.

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