Os desafios se desdobram

Francisco Muniz


Após concluir sua preleção sobre a responsabilidade que pesa sobre os ombros dos dirigentes de grupamentos religiosos do mundo, no qual apontou a debilidade de caráter como causa de muitas deserções decorrentes dos efeitos desmoralizadores do ideal de fidelidade ao dever, o Benfeitor Bezerra de Menezes declara que “logo mais, estaremos atendendo um desses últimos fenômenos, que é fruto de uma armadilha perigosa trabalhada pelos inimigos do Cristo, em cujo encalço nos encontramos”. Em seguida, depois de breve silêncio, Bezerra convocou o grupo – no qual se encontrava o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, autor do livro Perturbações Espirituais (psicografia de Divaldo Franco), de cujo capítulo 4 [“Os desafios prosseguem”] fazemos este excerto – “a visitar o diretor de respeitável Sociedade que estava sendo atacada ferozmente pelas Sombras”.

À semelhança do que é relatado no livro Aconteceu na Casa Espírita (Emanuel Cristiano, pelo Espírito Nora), Philomeno ressalta que nessa Sociedade “intrigas insidiosas geravam desconforto, frivolidades e acusações indébitas substituíam a fraternidade, grupos fechavam-se e agrediam outros, setores de atividades na Casa isolavam-se e tentavam sobrepor-se aos demais, competições e desavenças por cargos substituíam a simplicidade em campo de batalha e a perda da sintonia com a espiritualidade superior, lentamente transferida para os serviçais do Anticristo que se haviam infiltrado nos diversos setores, que envolviam os seus responsáveis que se censuravam reciprocamente mas não se examinavam...”

O grupo liderado por Bezerra de Menezes segue à noite para a casa do presidente da Instituição, Eduardo, encontrando-o em sono agitado por pesadelos provocados por um perseguidor desencarnado; este, identificando a equipe de socorro, imanta-se no campo vibatório de um dos integrantes e seguem todos para a sede da Instituição. Antes, porém, Bezerra pede a um dos cooperadores que recolha uma das médiuns da Casa, devidamente desdobrada pelo sono, para um atendimento coletivo. Essa jovem, Iracema, “se encontrava em momento de grave decisão, abusada sexualmente pelo dirigente da Sociedade, que se aproveitara de sua invigilância e tormentos íntimos para seduzi-la, sob a inspiração do adversário espiritual” ali presente.

No diálogo que se segue, promovido pelo Benfeitor, uma vez despertos os encarnados em sua roupagem espiritual, Iracema declara, feliz, sua condição de grávida, recebendo em troca as palavras rudes e frias de Eduardo, argumentando sua posição de homem casado e pai de família que se preocupa com sua reputação como dirigente de uma Casa Espírita. Para ele, que endereçava à moça ondas de energia colérica, tudo aquilo equivalia ao mesmo pesadelo que o acometera havia pouco. No entanto, Bezerra o faz ver que não se trata de pesadelo e o que se pretende, naquele momento, é salvaguardar a idoneidade da Instituição e preservar a integridade dos serviços ali prestados aos necessitados.

É então que “o Espírito que se encontrava em processo de reencarnação através de Iracema” expressa, “por meio dos fluidos eliminados, o estado de perturbação em que se debatia”. Philomeno manifesta sua estranheza ante o fato e recebe a explicação do Dr. Carneiro de Campos, para quem aquela era uma reencarnação muito grave, porquanto “programada pelos adversários do Mestre Jesus e que fora preparada para criar embaraços muito sérios em relação ao genitor desajustado, com o objetivo de desmoralizar a respeitável Instituição que dirigia”.

A esse respeito, sugerimos a leitura de livros como, dentre outros, Amor e Sexo (Emmanuel) e Sexo e Destino (André Luiz), nos quais esses dois Espíritos, usando a pena psicográfica de Chico Xavier, ponderam que o sexo nos seres humanos é o sagrado repositório da sexualidade, a poderosa energia criadora que por isso mesmo não deve ser conspurcada. O caráter sagrado da sexualidade está em que é ela, graças ao uso do sexo, que permite a encarnação e reencarnação dos Espíritos que vêm povoar a Terra e ajudar na purificação do planeta, ao mesmo tempo em que eles se aperfeiçoam. Assim, quanto mais responsável seja esse uso, maiores as chances de harmonização da humanidade; ao contrário, tormentos os mais diversos ainda teremos por perto por algum tempo...

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