Francisco Muniz
“Eu
lhes falo por parábolas porque, vendo, eles não veem e, ouvindo, não escutam e
não compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: ‘Ouvireis com
os vossos ouvidos, e não escutareis; olhareis com os vossos olhos e não vereis.
Porque o coração deste povo se tornou pesado, e seus ouvidos se tornaram surdos
e fecharam os olhos para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam,
para que seu coração não compreenda e para que, tendo-se convertido, Eu não os
cure.’”
(Mateus
13:10 a 15)
O
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Evangelho nos mostra Jesus como
um exímio contador de histórias, certamente por entender que esse gênero de
narrativa alcança mais facilmente a mente e o coração das pessoas,
especialmente aquelas sequiosas de esclarecimento e consolação, razão mesma da
solicitude do Mestre nazareno. As parábolas que contou a seus discípulos,
naqueles recuados dias, ainda hoje fazem eco na consciência dos cristãos, isto
é, daqueles identificados com a proposta evangélica, por sua beleza imperecível
e pelas verdades que Ele soube imprimir em cada uma delas, tornando sua
repetição cada vez mais viva na alma dos ouvintes, que desse modo se recordam
de as terem ouvido há muito e muito tempo...
Os contos apresentados a seguir têm o propósito de,
sem presunção de qualquer teor, revivermos aqueles tempos, quando os ventos
brandos da Boa Nova do Reino sopraram sobre a calmaria do judaísmo, provocando
transformações no clima religioso de então. Jesus vinha conclamar os homens,
especialmente os descontentes com o rigor farisaico do Sinédrio, a uma mudança
de atitude pelo pensamento e principalmente pelo sentimento. Daí nasceria a
certeza de que ninguém estava desamparado por Deus, despontando assim a
esperança num futuro mais condizente com os mais íntimos anseios, pelo simples
entendimento de que o Reino dos Céus proclamado pelo Messias está além da
realidade material, porquanto é construído no altar do coração dos homens de
boa vontade.
As propostas de Jesus, portanto, assustaram a uns,
que as detestaram, e cativaram a outros, que as adotaram de imediato. Ainda
hoje é assim. A Humanidade, como a própria História, se divide ante esse Homem
inigualável e seus ensinamentos revolucionários, todos eles direcionados ao
Espírito imortal. Na atualidade, não
importando a coloração religiosa ou filosófica a classificar boa parte dos
seres humanos, somos chamados a ponderar melhor acerca do convite que o Mestre
continuamente nos faz no sentido de modificarmos a condição em que nos
encontramos. E a tal chamamento respondemos do modo que nos é peculiar, ou
seja, manifestando ainda alguma resistência, postergando a construção e
instalação do Reino de Deus na Terra.
Sim, Jesus, em seus três curtos quão produtivos anos
de pregação deve ter entrado em relação com muita gente, em suas peregrinações
entre a Galileia e a Judeia, de Norte a Sul, de Leste a Oeste da Palestina de
dois mil anos atrás. Por causa Dele, homens se transformaram, mulheres se
consolaram, crianças se gratificaram e velhos se encheram de esperança; por
causa Dele, doentes se curaram, criminosos se arrependeram, transviados se
corrigiram; por causa Dele, irmãos se desentenderam, famílias se dividiram,
casais se desfizeram; por causa Dele, o Céu
desceu à Terra e esta se elevou um pouco mais; e ainda por causa Dele, o Inferno se alvoroçou, sentindo-se
ameaçado, e Lhe declarou guerra.
É Ele, pois, esse Jesus ainda desconhecido, que nos
convida ao exercício do amor sem barreiras, um divisor de águas no
comportamento dos homens nos dois lados da vida, que não mais se reconhecem
após a experiência com Suas lições, uma vez que mentes e corações são tocados
até que a inquietação decorrente dê lugar à sincera transformação do ser, pela
adesão consciente aos ideais do Cristo, pautando-se, cada um, pelo insuperável
código moral que Ele nos legou. Depois... depois, uma outra história será
contada, por todo aquele que souber ou puder realizar em si mesmo as propostas
revolucionárias do Mestre nazareno, que disse ter vindo para que todos
tivéssemos vida abundantemente...
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