Espairecimentos espirituais

Francisco Muniz


De acordo com o dicionário, espairecimento é o ato de espairecer, que significa distrair-se, passear, divertir-se. É atividade de recreio, ou de lazer, portanto. No Plano Espiritual isso também acontece, entre os Espíritos de relativa evolução, de modo não somente recreativo, mas também educativo ou instrutivo, afinal, o lazer também promove a aculturação. Esse é o tema que o Instrutor Manoel Philomeno de Miranda explora no capítulo 16 de seu livro Reencontro com a Vida, pela psicografia do médium Divaldo Franco. Aí, o autor espiritual relata a natureza dessas atividades que, ao contrário do que se experimenta ou se observa amiúde na Terra, "não cansam, não produzem tédio, quando passam, ou saudade após fruídas, porque se incorporam ao Espírito, vitalizando-o com energias especiais que lhe dão alegria e facultam permanente bem-estar".
Assim, Manoel Philomeno nos fala da possibilidade de se entreter, os desencarnados, nas cidades espirituais em que se encontrem, com a audição de músicas de incomparável qualidade; com exibições teatrais sem paralelo na Terra; e com espetáculos de dança nos quais se materializam os quadros grandiosos do passado, evocando a cultura greco-romana. Além disso, também são realizadas conferências de ilustres visitantes de esferas mais altas, sobre assuntos "que encantam e iluminam a inteligência sem produzir entorpecimento".
Mas quem tomasse conhecimento de tais atividades unicamente pela leitura da obra de Manoel Philomeno talvez estranhasse a natureza do relato. No entanto, desde que o Espírito André Luiz iniciou seu trabalho de repórter do Além, nos anos 1940, enviando por Chico Xavier os informes referentes à Colônia Nosso Lar, esses fatos se tornaram comuns. No livro Nosso Lar, o primeiro da série A Vida no Mundo Espiritual, da FEB, André comenta a existência dessas atividades de lazer, às quais os moradores daquela colônia têm acesso mediante o crédito de "bônus-hora"; em outros momentos, podem eles aproveitar instantes de refazimento no Bosque das Águas, no contato com a natureza convidativa à reflexão. Numa outra obra sua, especificamente Os Mensageiros, André Luiz refere a vida social e relata visitas entre famílias de colônias diferentes, em ambiente fraternal. Durante esses encontros, acontecem concertos e recitais, em clima de grande encantamento, sendo as conversações marcadamente edificantes, bem ao contrário do que se observa na Terra.
Ainda segundo Philomeno, esses espairecimentos são verdadeiros "programas de engrandecimento moral e espiritual em forma de recreação para a mente e sua educação, para os hábitos e sua modificação para melhor (...), ensejando crescimento pessoal enquanto se estabelecem novos roteiros de renovação psíquica e emocional sempre com vistas à plenitude".
Mas seria oportuno perguntarmos - uma vez que tais informes nos chegam como lição - em que, objetivamente, os relatos de André Luiz e Manoel Philomeno nos aproveitam, especialmente aos médiuns trabalhadores. Mas pensemos: após nosso retorno ao mundo das causas e consequências, de duas, só uma coisa vai nos acontecer: ou vamos continuar trabalhando ou continuaremos dando trabalho. E Philomeno pontua: "Não somente o trabalho existe em nossas Esferas espirituais, mas também as bênçãos de Deus expressam-se de formas muito variadas, demonstrando-nos o Seu amor e o Seu interesse constante no burilamento das imperfeições e superação total da inferioridade".
E nosso Instrutor arremata: "Conforme, portanto, as aspirações e realizações de cada Espírito, este se sediará em ambiente adequado ao seu desenvolvimento intelecto-moral, encarregado da ascensão a planos cada vez mais felizes, sem sombra nem dor, sem ansiedade nem aflição". Será preciso dizer mais?

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