Os cuidados do médium passista com a saúde

Francisco Muniz 




No livro Os Mensageiros – ora em estudo no CEDLV, em turmas do Módulo Avançado –, o Espírito André Luiz fala-nos, pela mediunidade de Chico Xavier, de uma rara modalidade do passe magnético: o sopro. Segundo o escritor Wenefledo de Toledo, autor de Passes e Curas Espirituais, “o sopro é uma das formas de transfusão de energia em benefício do doente, é uma das técnicas do passe. É uma modalidade do passe não muito divulgada entre os espíritas”. Mas apesar de rara, essa técnica não é nenhuma novidade, conforme atesta Alfredo, personagem da primeira obra citada: “Isto não é novo. Jesus, além de tocar naqueles a quem curava, concedia-lhes, por vezes, o sopro divino. O sopro da vida percorre a Criação inteira. Toda página sagrada, comentando o princípio da existência, refere-se a isso. Nunca pensaram no vento, como sopro criador da Natureza?”, relata Alfredo.

Na obra de André Luiz, seu companheiro junto ao instrutor Aniceto, Vicente, questiona se essa técnica está à disposição de todo espírito encarnado, recebendo o esclarecimento de Alfredo: “O bem divino, para manifestar-se em ação, exige a boa vontade humana. Nossos técnicos do assunto não se formaram de pronto. Exercitaram-se longamente (...); para isso, precisam conservar a pureza da boca e a santidade das intenções”.

Ainda segundo Alfredo, “nos círculos carnais, para que o sopro se afirme suficientemente, é imprescindível que o homem tenha o estômago sadio, a boca habituada a falar o bem, com abstenção do mal, e a mente reta, interessada em auxiliar. Obedecendo a esses requisitos, teremos o sopro calmante e revigorador, estimulante e curativo. Através dele, poder-se-á transmitir, também na Crosta, a saúde, o conforto e a vida”.

E é Wenefledo de Toledo quem comenta esses critérios elencados por Alfredo: estômago sadio – cuidado com a alimentação, abstenção de álcool, fumo, vapores de condimentação, molhos apimentados, etc., buscar uma alimentação saudável para o corpo, a fim de que se possa doar o melhor de si; boca habituada a falar o bem – se o que entra pela boca, sem o necessário cuidado de seleção, contamina o sopro, que dizer então da boca que não se resguarda de palavras de baixo calão que criam nuvens escuras em torno de sua aura e as irradia para o próximo? É estarmos atentos e conscientes do nosso papel enquanto cristãos-espíritas, enquanto médiuns. Estarmos sempre vigilantes, tendo a consciência de que o que falamos nos envolve em energia do mesmo teor, é termos cuidado com o que falamos; mente reta, interessada em auxiliar – a necessidade de nossa reforma intima, da meditação, para que possamos trilhar na senda evangélica por pensamento, palavras e obras; e, finalmente, saúde física – o médium precisa estar clinicamente saudável para que não projete algo de sua própria condição enfermiça sobre os pacientes que se sintonizarem passivamente à sua faixa vibratória.

Essas recomendações, em verdade, transcendem a técnica do sopro e alcançam a generalidade dos passes. Para o Espírito Vianna de Carvalho, no livro Médiuns e Mediunidades (psicografia de Divaldo Franco), “a conduta sadia, que decorre de uma vida moral equilibrada, faculta mais poderoso intercâmbio de energias propiciadoras da saúde. Por sua vez, o médium que ora e se enriquece valores espirituais mais desenvolve a aptidão inata, ampliando o seu campo vibratório, aumentando o vigor da energia que canaliza para a saúde, tornando-se um dínamo valioso para o bem geral”. Daí a recomendação da Benfeitora Joanna de Ângelis em Florações Evangélicas, também através de Divaldo Franco: "Recorre aos recursos espíritas; ora, e ora sempre, para adquirires resistência contra o mal que infelizmente ainda reside em nós; permuta conversação enobrecida, pois que as boas palavras renovam as disposições espirituais”.

Por sua vez, o mentor Irmão Jerônimo relata, em Aprimoramento Mediúnico (psicografado pela médium Bernadete Santana), que “(...) é preciso que o passista tenha boa saúde, não dê passes quando se sentir doente ou intoxicado por excesso de alimentos ou medicamentos, pois tais fluidos por si mesmos são maléficos. Os médiuns devem purificar corpo e espírito para possuírem fluidos salutares e benéficos. É importante um trabalho de auto-limpeza, que consiste num mergulho em si mesmo. Sem a reforma íntima, não poderão realizar o bem desejado”.

(Agradecimentos a Ananias, Erlan, Itana, Luciene e Terezinha.)

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