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dúvida é pertinente,
porquanto até mesmo Allan Kardec questionou os Espíritos Superiores acerca
desse problema. A razão dessa dúvida, desses questionamentos, é o fato de que
observamos em vários animais a capacidade de “ver” e “ouvir” Espíritos e mesmo
de serem condicionados a obedecer a certas ordens humanas, o que faria deles
médiuns. Entretanto, não é assim e, para justificar essa negação, o Codificador
se vale de proveitosa análise do Espírito Erasto, que em O Livro dos Médiuns faz ponderações importantes e incontestes em
prol de nosso esclarecimento a respeito desse tema.
Para começo de conversa, Erasto
explica a Kardec que a condição de médium cabe exclusivamente aos homens, uma
vez que os Espíritos se comunicam com seus iguais, porque encontram nos homens
o material necessário a essa comunicação. Assim é que no cérebro humano estão
as informações de que os Espíritos se utilizam para manifestar suas idéias, o
que não pode acontecer no tocante aos animais: “Ora bem! Que elementos
encontraríamos no cérebro de um animal? Tem ele ali palavras, números, letras,
sinais quaisquer, semelhantes aos que existem no homem, mesmo o menos
inteligente?” – questiona o instrutor espiritual.
Outra coisa que Erasto, antigo
discípulo do apóstolo Paulo de Tarso, esclarece é que a mediunidade foi
concedida por Deus ao homem para este avançar no rumo do progresso espiritual.
Nesse sentido, compreenderemos que, conforme diz esse Espírito, os animais,
estando ao nosso lado para nos secundar nas tarefas materiais, fazendo-nos
companhia e nos alimentando, não estão submetidos à mesma lei de progresso que
nós. É o que salienta Erasto em suas considerações na segunda obra da
Codificação.
Então, o que há nos animais ao ponto
de fazer alguns de nós pensarmos ainda sejam eles médiuns? Pois não percebemos
neles um comportamento próprio de quem vê ou ouve espíritos? Os cães latindo
para determinado ponto; os cavalos e muares empacando em certos trechos da
estrada; os gatos eriçando os pelos ante algo invisível aos nossos olhos não
indicam a presença de uma faculdade mediúnica neles?
A resposta é sempre não. O que
parece mediunidade nos animais – informa-nos Erasto – mais não é do que
manifestação dos instintos. E ainda que alguns de nossos irmãos da ordem
inferior na escala evolutiva demonstrem facilidade em cumprir as ordenações
humanas, não é possível magnetizá-los a fim de que executem as tarefas próprias
dos médiuns, assevera Erasto: “Os fatos mediúnicos não podem dar-se sem o
concurso consciente, ou inconsciente, dos médiuns; e somente entre os
encarnados, Espíritos como nós, podemos encontrar os que nos sirvam de médiuns.
Quanto a educar cães, pássaros, ou outros animais, para fazerem tais ou tais
exercícios, é trabalho vosso e não nosso”.
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