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oi durante uma atividade no Grupo de Autoconhecimento que surgiu a dúvida:
egoísmo é não fazer nada pelos necessitados do caminho ou fazer esperando
retribuição? Mas depois de um pouco de reflexão e constante meditação, a
resposta veio clara como vidro translúcido: de uma forma ou de outra, será
sempre egoísmo, a considerar-se o ensino de Jesus na parábola do bom samaritano
e também a orientação do mentor espiritual Emmanuel, que recomenda fazermos
caridade mesmo com segundas intenções, porque assim vamos nos acostumando com
esse procedimento e quando menos notarmos já estaremos agindo
desinteressadamente. Mas convém examinarmos mais detidamente esses dois tipos
de comportamento, o da omissão e o da exploração.
Segundo o que expõe Allan Kardec nos
capítulos iniciais de O Evangelho
Segundo o Espiritismo, cada geração tem seu vício que a perderá e sua
virtude que a salvará, acrescentando que a virtude de nossa geração é o
progresso intelectual, responsável pelo conforto material que experimentamos;
em contrapartida, o vício que nos perde, desde o século XIX, é a indiferença
moral. Ou seja, pouco ou nada nos interessamos pela condição sofrida dos
companheiros de jornada evolutiva, principalmente se eles não fazem parte de
nosso círculo mais próximo de parentes e amigos diretos. É como se
transitássemos unicamente entre o lar e o ambiente de trabalho, em linha reta e
de olhos fechados, como o sacerdote e o levita da parábola de Jesus.
Consideremos, então, que procedendo assim o coração estará mais fechado que os olhos,
voltado para si mesmo, para o ganho da própria vida. O Mestre Nazareno, no
entanto, avisa-nos que aquele que quiser ganhar sua vida irá perdê-la...
Se esse posicionamento egóico já se
mostra por si mesmo cruel, denotando a inferioridade moral de quem por ele se
guia, o da exploração o é ainda mais, porquanto tirar vantagem da condição
sofredora de alguém é afrontar sua dignidade, escravizando-o, muitas vezes, a
uma situação deprimente que a caridade tem por dever minorar o quanto possível.
Uma outra passagem do Evangelho chama a atenção para esse procedimento
equivocado: trata-se da parábola do credor incompassivo, que teve suas dívidas
perdoadas pelo Senhor mas foi incapaz de agir de igual modo para com um seu
devedor, mandando-o para a cadeia embora este lhe pedisse a mesma clemência que
ele pedira e tivera do Senhor, que ao saber disso o puniu severamente.
No entanto, como Deus não se
empobrece de compaixão, nós somos continuamente beneficiados com a oportunidade
e os recursos necessários para a renovação íntima através da dedicação às obras
beneméritas que no fim das contas resultarão em crescimento espiritual. Em sua
magnanimidade, o Pai amantíssimo e ainda muito pouco amado por seus filhos
desatentos, prossegue convidando-nos ao complemento de sua Obra perfeita, mas
inacabada, fazendo tudo a “cada um dos pequeninos de meu Pai”, conforme pede
Jesus. Afinal, como bem ponderou nosso Mestre, qual é o pai que, vendo seu
filho com fome, em vez de um pão lhe dá uma pedra? Aprendamos, portanto, a ver
em cada um dos necessitados do caminho, sejam eles encarnados ou desencarnados,
como um filho querido que precisa de nosso amparo, de nossa compaixão,
exatamente como Deus procede junto a cada um de nós, uma vez que a maior dádiva
que ele nos concedeu é a capacidade de doar. E doar não dói!
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