Um livro de mistério

Francisco Muniz

Há alguns anos, quando meu amigo Cláudio Emanuel Abdala pediu-me para revisar os originais de seu livro Mubzi, fiquei de escrever algumas palavras à guisa de prefácio, o que realmente fiz, mas o texto se extraviou entre meus papéis e o livro foi publicado sem minha participação. Faço agora o devido reparo, pedindo mais desculpas ao autor. Eis o texto:

Ao povo baiano, especialmente o que nasceu e habita Salvador, credita-se, tradicionalmente, um quê de misticismo que vem ser o resultado de uma fusão cultural como não há igual em outra parte do mundo - podemos dizer.
O índio que aqui já vivia à chegada dos portugueses empresta suas crenças anímicas à riqueza desta cultura, somadas sobretudo às manifestações religiosas da raça africana, para cá atraída à força da escravidão.
A própria religiosidade do europeu deu novas cores à formação cultural do baiano, sofrendo e fazendo sofrer os efeitos pertinentes à necessária mistura de pensamentos e sentimentos tão distintos, mistura essa que encontra sua real expressão no que se convencional chamar baianidade.
Tal é o pano de fundo da obra idealizada por Cláudio Abdala neste livro, de cujo conteúdo nos absteremos de comentar, respeitando o tom de mistério que o autor lhe imprimiu, a partir do próprio título.
Em Mubzi Cláudio capta a alma mística do baiano, num trabalho que, como ele nos confidenciou, surgiu alheio a suas ocupações e preocupações. Veio-lhe a história praticamente completa, em jatos de inspiração, e em pouco tempo, questão de dias, o livro estava pronto.
Uma psicografia? O autor recusa o termo, por não ser médium de efeitos mecânicos, digamos assim, por sabermos que a psicografia é, no contexto do Espiritismo, manifestação de efeito inteligente, tal como a Designou Allan Kardec.
Assim, fica o convite para conhecermos e desvendarmos o mistério de Mubzi.

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