Deve estudar-se o Espiritismo?

Pedro Franco Barbosa


O conheccimento adquire-se, normalmente, pelo estudo, que é o esforço metódico para aprender. Ninguém aprende, portanto, seja o que for, não estudando o assunto. Para ser médico, é preciso estudar Medicina, um dos ramos da Ciência. O Espiritismo é uma ciência complexa, a ciência da alma. E mais do que ciência, é uma Doutrina, alicerçada em princípios filosóficos e ético-morais. Portanto, para conhecer a Doutrina Espírita é preciso estudá-la, e muito.
Por isso mesmo, no meio espírita mais responsável, muita ênfase se vem dando à necessidade do estudo do Espiritismo, porque, infelizmente, muitos de seus adeptos, até mesmo os médiuns, não o conhecem, mesmo em seus fundamentos e princípios gerais.
A pesquisa tem demonstrado que as sessões mediúnicas são muito procuradas, enquanto as de estudo doutrinário transcorrem vazias ou com frequência mínima. Os próprios dirigentes de Centros, em muitos casos, não leram Kardec ou misturam preceitos doutrinários os mais diversos, como se se tratasse de Espiritismo.
Há necessidade de uma educação em moldes espíritas e o estudo se inclui nela, para que possa ser integral e contínua. Eis o que pensa a respeito Deolindo Amorim, capacidade exegeta da Doutrina: "E afinal, que é a educação, segundo a Doutrina Espírita? Não é apenas instruir, não é simplesmente incutir hábitos externos, é transformar o homem, dando-lhe uma concepção de vida fundamentada na supremacia do espírito e dos valores morais. A educação, segundo a Doutrina Espírita, é finalista, porque visa a um fim. E se assim não fosse, naturalmente não teria sentido prático e cairia no formalismo. Mas o fim da educação, em termos espíritas, não é simplesmente imediato ou profissional. O fim, neste caso, é abranger o homem real em sua totalidade, isto é, corpo e espírito, tendo em vista a vida atual e a vida futura. Já se vê, portanto, que é um finalismo superior."
Eis a lição do Codificador: "A verdadeira Doutrina Espírita está no ensinamento dado pelos Espíritos, e os conhecimentos que esse ensinamento encerra são muito sérios para serem adquiridos por outro modo que não por um estudo profundo e continuado, feito no silêncio e no recolhimento." (Grifamos.)
Seu pensamento melhor se expressa, todavia, quando, em Obras Póstumas, fala da necessidade de "um curso regular de Espiritismo... com o fim de desenvolver os princípios da Ciência e difundir o gosto pelos estudos sérios", curso que "teria a vantagem de fundar a unidade de princípios, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as ideias espíritas e desenvolver grande número de médiuns".
Em O Livro dos Médiuns, Cap. I, 14, 7º, Allan Kardec afirma, peremptório: "A explicação dos fatos admitidos pelo Espiritismo, de suas cauasa e suas consequências morais, constitui toda uma ciência e toda uma Filosofia que exigem estudo sério, perseverante e aprofundado".
Nós, espíritos tão imperfeitos ainda, tão avessos ao estudo e à meditação, tão apegados aos atrativos da vida mundana, meditemos sobre esses conselhos e possamos segui-los, como meio capaz de assegurar o progresso moral e a libertação dos erros, da ignorância e da superstição, porque, como disse Jesus, somente assim conheceremos a verdade, capaz, realmente, de nos tornar livres.
Ouçamos, por último, os queridos guias da Espiritualidade, a respeito: "A auto-iluminação é filha do esclarecimento intelectual. O convite ao estudo, em Espiritismo, não pode, desse modo, ser desconsiderado." (Lins de Vasconcellos, por Divaldo Franco, em Crestomatia da Imortalidade).
De Emmanuel citamos estas sínteses magistrais: "Recorda que, em Doutrina Espírita, é preciso estudar e aprender, entender e explicar."; "O sábio não poderá tomar uma criança para confidente, embora a criança invariavelmente detenha tesouros de pureza e simplicidade que o sábio desconhece."
Há mais de um século o Espírito da Verdade nos mostrava a rota verdadeira: "Espíritas, amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo."
Instrução e educação são processos inalienáveis de aperfeiçoamento moral do Homem, pela cultura e pela integração na Humanidade. Educar para a vida futura é o papel preponderante do Espiritismo.

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