(prefácio ao livro “A paz que precisamos”, de João Fernando Gouveia)
Francisco Muniz
Com o slogan “A paz está em nossas mãos”, a Unesco
(Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) celebrou em
2000 o Ano Internacional da Cultura de Paz, iniciativa decorrente da crença da
ONU segundo a qual o mundo pode viver sem violência. A paz é sempre possível e
a violência evitável, reza a declaração do Programa de Ação pra uma Cultura de
Paz, estabelecido durante a 53ª sessão da Assembleia Geral da entidade, no dia
13 de setembro de 1999.
A citada declaração define cultura de paz como um conjunto
de valores, atitudes, tradições e modos de comportamentos baseados no respeito
à vida, no fim da violência, na promoção e na prática da não-violência por meio
da educação, do diálogo e da cooperação; respeito total e promoção de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais; comprometimento com a pacificação
de conflitos e uma série de outros fatores propiciadores dessa cultura de paz.
Essa preocupação com a transformação de valores que levem à
adoção de atitudes pacificadoras já alcança todos os quadrantes do planeta e
eis por que se intensificam os conflitos belicosos, violentos, como a
evidenciar os estertores das forças contrárias ao Bem. O Bem, a rigor,
predomina sempre e a Paz é sua filha mais legítima, companheira daqueles que
lutam abnegadamente pelo engrandecimento dos ideais de nobreza que devem
conduzir a Humanidade a futuro promissor, seja no campo das realizações
materiais, seja nas conquistas do Espírito.
Desse modo é que saudamos com alegria as investidas de
espíritos valorosos como João Fernando Gouveia, que externa seu compromisso com
essa cultura de paz que a ONU agora torna oficial, porque amplamente de acordo
com os anseios transformadores da grande maioria silenciosa que reclama de si
mesma atitudes em benefício de um mundo melhor.
Sabendo que o mundo não terá paz enquanto as pessoas não se
pacificarem a si próprias, cada vez mais homens de boa vontade têm se empenhado
em prol de ações concretas dirigidas à formação da cultura de paz na comunidade
em que estão envolvidos. É um dos inúmeros exemplos o Movimento Você e a Paz
que Divaldo Pereira Franco desenvolve em Salvador, integrando representantes de
todos os segmentos da sociedade civil organizada, com o claro propósito de
formar multiplicadores da paz.
O livro de João Fernando Gouveia soma-se a tais apelos como
um instrumento valioso para reflexão de quantos se interessem em ser mais um
fomentador de atitudes pacificadoras, principalmente através da adequação de
valores compatíveis com as necessidades da vida comunitária atual, quando
tantos padecem agressões resultantes dos conflitos interiores. Um livrinho no
tamanho, mas uma obra gigantesca no conteúdo, para aqueles que têm “olhos de
ver”, como frisou uma vez um certo Galileu, de cujos ensinamentos estamos todos
carentes.
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