Nossas "gotas de realização"

Francisco Muniz


Diz-nos o Intrutor Alexandre, no livro Missionários da Luz (André Luiz - F. C. Xavier), que os esforços da Espiritualidade junto aos ttrabalhadores da mediunidade se concentram mais frutuosamente nos círculos dos desencarnados infelizes, porque os encarnadoss, em grande parte, não se dispõem, "mesmo aqueles que já se interessam pela prática espiritista, ao aproveitamento real dos valores legítimos de nossa cooperação". E ante a perplexidade de André ele explica: "É muito lenta e difícil a transição, entre a animalidade grosseira e a espiritualidade superior. Nesse sentido, há sempre, entre os homens, um oceano de palavras e algumas gotas de ação."
Tais ensinamentos fazem com que observemos com um pouco mais de atenção nosso comportamento de espíritas - e médiuns! - tanto no ambiente de nosso aprendizado espiritual, especificamente na intimidade da sala mediúnica, quanto nos diversos setores da sociedade onde atuamos, muitas vezes perdendo de vista nossa condição, digamos, religiosa.
Estamos sujeitos a todas as vicissitudes do mundo físico, o que quer dizer afetos a todo tipo de tentações, e por vezes nos deixamos levar pela onda de certos acontecimentos, geralmente os mais banais, e sem querer, inconscientemente traímos nossos propósitos de renovação interior. Convém frisar que isso só acontece quando tais propósitos não estão suficientemente lastreados na vontade firme, posto que o conhecimento não nos falta.
Movimentamo-nos, então, no oceano de nossas próprias palavras, produzindo apenas algumas gotas de realizações no bem, o mesmo bem que gostaríamos nos acompanhasse o tempo todo. Mas fica fácil deduzir que o "oceano de palavras" a que se refere o Instrutor Alexandre, em vez de nos plenificar, resultando em convicção acerca de nossas verdadeirs necessidades de espíritos imortais, acaba por nos afogar na ilusão de nós mesmos.
E a causa, como bem salienta o orientador de André Luiz, é a grosseira animalidade em que nos fixamos, quando temos o dever de transitar com alguma urgência para a espiritualidade superior, nas 24 horas de nosso dia, pelo menos.
Ao médium espírita cabem tarefas que ele é chamado a desempenhar o tempo todo, onde esteja e junto a qualquer pessoa, no tocante à incessantes prática da caridade em seus múltiplos desdobramentos. Para tanto ele contará sempre com o concurso dos bons espíritos, desque que se ponha favoravelmente a esse auxílio.
Pois não é a mediunidade propriedade do médium, mas ferramente de que a Espiritualidade se servirá para derramar sobre a Terra todo o acréscimo de misericórdia a que os necessitados da alma fazem jus, mercê da Providência Divina.
Instrumentos dos Espíritos, portanto, os médiuns devem sê-lo o mais conscientemente possível, a fim de nos tornarmos, hoje ainda, verdadeiros missionários da luz. Afinal, como dizia o saudoso Chico Xavier, "Deus nos concede,a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocamos nela corre por nossa conta".

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