Um pouco de boa vontade

Francisco Muniz



“Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade.” 

Naquela noite inolvidável do nascimento de Nosso Senhor na face escura do planeta a luz revelou-se à Humanidade cansada de estorcegar nas trevas da própria ignorância. A luz do Alto vinha aquecer os corações angustiados e iluminar a mente e os caminhos daqueles que ansiavam pela Verdade. Estes os homens de boa vontade, predispostos a ouvir e atender aos apelos dos Cimos a fim de se elevarem no concerto espiritual, correspondendo à Vontade do Senhor: paz na Terra.
O homem é senhor de sua vontade e importa mantê-la livre dos empeços que atrapalham a boa jornada no rumo da evolução, procurando fazer unicamente o bem. No entanto, a vontade do homem é ainda tíbia, porquanto ele se deixa levar por interesses outros, dando vez a vontades outras incompatíveis com suas necessidades de espírito imortal, quando tudo quanto deveria fazer seria ceder sua vontade à Vontade maior, a do Pai misericordioso, soberanamente justo e bom. Tal é a mensagem do Cristo em todo o Evangelho, indicando a natureza da vontade de Deus: “Que vos ameis uns aos outros”.
No homem, a vontade é o impulso da alma para a realização dos grandiosos propósitos da Divindade. Com sua consciência adormecida para as “coisas do Pai”, o homem necessita de estímulos tanto internos (a dor que corrige) quanto externos (as vicissitudes que freiam) a fim de aprender a conduzir sua vontade de acordo com as determinações espirituais. Por tal motivo Jesus pede que tenhamos bom ânimo, isto é, que nossa alma se deixe cativar pelos valores imperecíveis da Realidade Imortal para enfim instalarmos o Reino dos Céus no próprio coração.
Sem esse esforço, como experimentar uma existência de paz? O homem se ressente da falta de paz por ter esquecido de quem é, por ter perdido o endereço de Deus e adotar um estilo de vida marcado pelo materialismo, em detrimento de sua herança divina. O resultado é o permanente conflito em que se encontra, consigo próprio e com os demais, manifestando perturbação onde se encontre por estar em constante desequilíbrio.

Esse estado doentio, no entanto, é passível de cura e eis que o Divino Médico das almas desce ao mundo para curar os enfermos ao mostrar-lhes o caminho da renovação íntima: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e eu vos aliviarei”.  Há que se ter a boa vontade de atender ao dúlcido apelo do Cristo, renovado todos os dias junto àqueles necessitados do lenitivo e ansiosos por conhecer a verdade que liberta, para que então o mundo viva em paz e os homens, finalmente, glorifiquem o Pai nas alturas celestiais de si mesmo...

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