Sobre a importância do passe

Francisco Muniz

Um trabalhador de certa Casa Espírita de nossa cidade é dono de uma vistosa calvície, tão acentuada quanto precoce, ao ponto de sofrer a "perseguição" de um seu amigo, para quem ele ficou careca de tanto tomar passes. Claro, é só por brincadeira que o amigo diz isso. Histrionismo à parte, convém dizermos que o passe não causa malefício algum, antes pelo contrário, sendo bastante significativas as bênçãos que do Alto recaem sobre os necessitados da alma, proporcionando inclusive importantes alterações no estado de saúde dos pacientes enfermos.
Sendo assim, devemos, mais uma vez, perguntar-nos o que é o passe e por que ele produz tais benefícios. O passe é uma transfusão de energias salutares alterando o campo celular dos indivíduos que a ele se submetem. Desse modo compreendemos que, nesse momento, renovando o próprio pensamento, manifestando fé nos poderes celestiais, tudo se modificará conosco. Na assistência magnética os recursos espirituais se entrosam entre a emissão e a recepção, ajudando a criatura necessitada para que ela ajude a si mesma.
É forçoso notar que o passe como técnica terapêutica é conhecido desde a antiguidade e Jesus era visto frequentemente impondo as mãos para beneficiar enfermos do corpo e da alma. O próprio Allan Kardec, quando ainda atendia pelo nome do Prof. Rivail, era seguidor das ideias de Franz Anton Mesmer, criador do processo curativo conhecida como mesmerismo, que preconizava a utilização do magnetismo animal para a cura de muitas enfermidades a partir do século XVIII. Os biógrafos do Codificador atestam que Kardec era um magnetizador dos mais competentes, um dos melhores de Paris em sua época.
As anotações de Kardec relativas ao passe fazem-nos entender que essa terapêutica tem importância notável nas ações da mediunidade de cura. Em O Livro dos Médiuns, diz ele que o fluido magnético, presente em toda e qualquer criatura humana, desempenha importante papel no exercício da faculdade mediúnica curativa, gênero este que consiste, principalmente, no dom que as pessoas dela dotadas possuem para curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação.
Kardec, no entanto, faz uma distinção entre o médium e o simples magnetizador, afirmndo que "todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo". Sim, porquanto a mediunidade é uma faculdade natural e por isso os Espíritos trataram de esclarecer o Codificador relativamente a essa questão.
No tópico referente aos médiuns curadores (cap.XIV), Kardec, sabiamente, submete o assunto à avaliação dos Espíritos Superiores e estes garantem que todas as pessoas dotadas de força magnética são efetivamente médiuns, sendo um erro fazer distinção entre elas. Da mesma forma, independe que tais magnetizadores descreiam dos Espíritos, porquanto eles sempre serão intermediários das potências invisíveis na realização de fenômenos nessa área.

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