À guisa de esclarecimento

Francisco Muniz

Convém recordarmos sempre, em meio ao aprendizado espírita, as judiciosas ponderações de Allan Kardec acerca da diferença entre a Doutrina Espírita e as práticas mediúnicas. Não basta, segundo o Codificador, travarmos contato com os Espíritos para nos considerarmos espíritas. Espírita, na perfeita acepção do termo, é o estudante da Doutrina e, mais ainda, aquele que, em decorrência desse estudo, faz esforços em prol de sua transformação moral. Ora, médium todos o somos e os praticantes da mediunidade são incontáveis neste planeta. Serão todos espíritas? Não é possível que o sejam.
Após 150 anos de presença da Revelação Espírita na Terra, nem todos os homens tiveram notícia do ensinamento dos Espíritos, malgrado seu caráter universal, tanto quanto muitos ainda desconhecem as lições do Cristo Jesus. Mas, mesmo que seja urgente a tarefa de divulgação das verdades divinas contidas na Codificação Espírita, aqui também a pressa é inimiga da perfeição. Ademais, como frisa Humberto de Campos nos relatos evangélicos de "Boa Nova", transmitido por intermédio do lápis bendito de Chico Xavier, nossa causa não é a do número.
Não nos deve interessar o fazer prosélitos, mas auxiliar na obra da Criação através do esclarecimento dos irmãos nos quais não se acendeu no íntimo a luz do conhecimento sobre a realidade espiritual. Uma vez feito esse trabalho, os irmãos ainda ignorantes de si mesmos despertarão por si sós, conscientemente, e, praza aos céus, cerrarão fileira conosco.

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