Mandato mediúnico

Francisco Muniz
A médium Bernadete Santana é detentora de um mandato mediúnico.

Como estamos falando bastante sobre a questão da consciência e do compromisso mediúnico, convém enfatizarmos nossas preocupações quanto ao mandato mediúnico, que deve ser entendido como acréscimo de misericórdia, desde quando procuramos primeiramente o reino de Deus e sua justiça, conforme as palavras do Divino Mestre Jesus. Sabemos que todos os dias, a cada instante, os céus nos renovam as oportunidades de crescimento, através do trabalho nobilitante junto ao próximo. A esse respeito, nosso Mentor, Irmão Jerônimo, diz-nos que "de oportunidade todos gozam. Responsabilidade assumem os que preferem seguir o dever da harmonia na viagem evolutiva, na condição de aluno da abençoada escola da vida" (1).
O médium de prova, segundo definição de Hermínio Correia de Miranda (2), "foi distinguido com o recurso da mediunidade, para produzir mais, para apressar ou abreviar o resgate de suas faltas passadas. Não se trata de um ser aureolado pelo dom divino, mas depositário desse dom, que lhe é concedido em confiança, para uso adequado". Como se vê, o exercício dessa função exige responsabilidade e se o médium a executa segundo as luzes da Doutrina Espírita, necessita estar imbuído do compromisso assumido com a própria consciência. "Não se trata de compromisso vulgar para exibicionismo barato ou promoção pessoal, porém para, através do intercâmbio com os Espíritos nobres, serem as criaturas arrancadas do lamaçal dos vícios, ao invés de se tornarem campo para as paixões vis", orienta-nos o Projeto Manoel Philomeno de Miranda (3), citando o Espírito Vianna de Carvalho.

Natureza do mandato mediúnico

O capítulo 16 do livro "Nos domínios da mediunidade" é todo ele dedicado ao tema "mandato mediúnico", no qual os Espíritos André Luiz e Hilário recebem a orientação de Áulus quanto à atividade da médium Ambrosina, portadora desse mandato. Nela, Áulus ressalta uma qualidade importante para o exercício mediúnico, nestes termos: "Por amor ao ideal que nos orienta, renunciou á mais singela das alegrias do mundo (...)". E Áulus diz mais: "Pelo tempo de atividade a que se consagrou, Ambrosina recebeu do Plano Superior um mandato de serviço mediúnico, merecendo, por isso, a responsabilidade de mais íntima associação com o instrutor que lhe preside às tarefas". Tais palavras nos remetem de imediato a Allan Kardec, quando nos afirma que os melhores médiuns são aqueles que se fazem simpáticos aos bons espíritos.
Com efeito, Ambrosina vivia em estreita cooperação com seu mentor, Gabriel, e era pra ele o fiel instrumento para o trabalho de socorro a que ele se candidatava, de modo que todo entendimento mantido com ela dava-se também com ele, e vice-versa, em perfeita sintonia, evidenciando a disciplina a que Ambrosina se submetia na tarefa. Isso porque "um mandato mediúnico reclama ordem, segurança, eficiência", segundo informa o assistente Áulus, ressaltando os compromissos assumidos previamente, ainda no plano espiritual, entre a médium e o amigo invisível com quem atua.
Tal condição, porém, não garante infalibilidade a médium algum, uma vez que "um mandato (mediúnico) é uma delegação de poder obtida pelo crédito moral, sem ser um atestado de santificação", salienta o orientador de André Luiz, que quis saber se o detentor do mediunato poderia vir a falir. De acordo com Áulus, se o médium também age de conformidade com seu livre arbítrio, cada um deve a si próprio a derrota ou a vitória: "Assim considerando, vemos no Planeta milhões de criaturas sob as teias da mediunidade torturante, milhares detendo possibilidades psíquicas apreciáveis, muitos tentando o desenvolvimento dos recursos dessa natureza e raras obtendo um mandato mediúnico pra o trabalho da fraternidade e da luz".

Referências:

(1) - Aprimoramento Mediúnico (Bernadete Santana/Irmão Jerônimo)
(2) - Diálogo com as Sombras (Hermínio Miranda)
(3) - Consciência e Mediunidade (Projeto Manoel Philomeno de Miranda)
(4) - Nos Domínios da Mediunidade (F. C. Xavier/André Luiz) 

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