As intenções e o mal

Francisco Muniz

"Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração", diz-nos o Cristo em seu Evangelho, levando-nos a pensar que esse é o padrão comportamental que o homem deve adotar em suas relações no mundo. Fugir desse padrão, então, é entregar-se ao desequilíbrio. Conviver com o outro é um aprendizado nem sempre muito fácil e pode-se dizer que é mesmo muito difícil encontrar um ponto de relacionamento sempre harmonioso se não soubermos abrir mão de muitas facetas de nossa personalidade em formação.
Assim é que, em face de nossa momentânea imperfeição, podemos, a qualquer tempo, pensar, sentir, falar e fazer algo contrário ao bem estar de alguém e, como os pensamentos e sentimentos são comunicados ao outro mesmo imperceptivelmente, tanto quanto as palavras e os atos são facilmente assimilados, o resultado são as desavenças ou rusgas que por vezes experimentamos sem saber por que aconteceram.
Então, em tais momentos não agimos com mansidão e humildade, manifestando pensamentos, palavras, sentimentos e atitudes desabonadores, havemos de convir. E quando o conflite se estabelece, estamos mais propensos à reação desequilibrada que à ação que leve ao (re)equilíbrio. O circo pega fogo, pois.
Mas se entendêssemos  que, conforme ensina Jesus, devemos agir sempre com mansidão e humildade, não haveria espaço para a reações, posto que esse comportamento induz a experiências violentas dentro e fora de nós mesmos. Ora, de acordo com o que Os Espíritos Superiores informaram a Allan Kardec, "o mal não está na coisa em si, mas na consequência dessa coisa".
Isso quer dizer que as ameaças à nossa tranquilidade não são nenhum mal, embora o modo como recepcionamos essas ameaças possam se constituir no mal, posto que, também em razão do que se lê em O Livro dos Espíritos, "Deus julga mais as intenções do que os atos", de modo que a intenção de retaliar as ameaças recebidas será o mal a cometermos... 

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