João Ubaldo Ribeiro às voltas com obsessores

Francisco Muniz
(publicado na revista Visão Espírita n. 14 - Ano II - 1999)

O escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, "imortal" da Academia Brasileira de Letras radicado no Rio de Janeiro, é dono de "maluquices" que não esconde de ninguém. Em dezembro de 1998 essas maluquices ubaldianas foram tratadas num centro espírita baiano, quiçá na aprazível Itaparica, como obsessão espiritual. O próprio escritor confessou o tratamento numa crônica publicada no jornal O Globo (edição de 6 de dezembro daquele ano). Ali, Ubaldo relata suas últimas férias na Bahia e diz que "tenho sido levado a um centro espírita muito simpático, que, segundo amigas muito persuasivas de minha irmã, resolve casos de maluquice iguais aos meus com grande proficiência".
O autor de "Sargento Getúlio" suspeita de que não esteja bom de todo, mas reconhece que o tratamento "tem suas qualidades. Venho entrando em contato com meus obsessores e quero crer que, em matéria de obsessor, tenho grande destaque. No começo, me assustei um pouco, mas acabei me acostumando". O que João Ubaldo narra do tratamento (sua metodologia) deixa entrever que o centro em tela não segue a orientação do Espiritismo conforme a Codificação kardequiana. Ainda assim, vale a pena seguir o relato, porque ilustra com alguma exatidão os fenômenos mediúnicos.
"Tem um (obsessor), incorporado num médium enorme, que foi botar as mãos em meus ombros e caiu duro, havendo sido necessário carregá-lo com esforço para a sala contígua. Mas o que mais me detesta chega numa senhora de aparência agradável, que se modifica inteiramente, ao me ver. Na última vez, ela ficou em minha frente, me olhou biliosamente e protestou.
"- Por que me fazem isso? gritou. Por que me põem na frente desse desgraçado? Assassino! Assassino!"
O susto foi grande, confessou o antigo redator dos áureos tempos do jornal Tribuna da Bahia. "Jamais havendo, que eu saiba, assassinado alguém, fiquei muitíssimo abalado. Ia perguntar detalhes, mas ela (ele?) não queria conversa, só queria me xingar. Muito pacientemente, o pessoal a pegou para levá-la para outra sala, onde o outro continuava estatelado. Mas ela não desistiu e continuou me xingando: Desgraçado! Assassino! Eu vou acabar com ele, eu acabo ele!"
Para a alegria de João Ubaldo, os obsessores não acabam facilmente com suas vítimas, desde que estas tomem os cuidados necessários ("orai e vigiai", alertou o Cristo). "Ando bastante preocupado com os obsessores", disse o escritor na crônica dominical. "Não conhecia nenhum até agora e vou tomar minhas precauções. (...) Mas me disseram também que, no fundo, eles são boas pessoas, que só precisam de um pouco de compreensão e paciência."

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