De todas as palestras e conferências ministradas no 12.° Congresso
Espírita da Bahia, realizado de 27 a 30 de outubro de 2005, no Centro de
Convenções, a de Roberto Crema foi das mais impactantes. Pensa ele – como é o
caso dos grandes homens preocupados com a situação da humana presença no
planeta – que já passa da hora de cada um de nós tomarmos medidas drásticas
voltadas para a percepção de seu papel na Terra. O Homem está/continua a agir
irresponsavelmente, tanto no nível particular quanto no geral, e são poucos os
exemplos de atitudes comprometidas com o bem-estar coletivo.
“Não sou otimista”, diz ele, que é um dos fundadores da Universidade da
Paz, em Brasília. “Não tenho otimismo das pessoas ingênuas e sei que é preciso
fazer esforços para que haja condições de melhoramento. Mas não sou pessimista.
Se o Homem é o problema, pode ser a solução.” Crema, que, segundo se sabe, não
é espírita, entende que é preciso se dar mais atenção ao que o Homem traz de
transcendente em si – não importa o nome que lhe deem – capaz de promover sua
integração cósmica.
Enquanto ele falava, eloquente e simples, com sua voz baixa, deixava-se
penetrar por uma energia desconhecida que o quase transfigurava, e devolvia
essa energia transformada por seu amor – energia essa que, impregnada da força
singela de suas palavras, invadia corações e mentes sensíveis na plateia
presente ao Teatro Yemanjá, onde mais tarde o físico Raul Teixeira falaria sobre
o desenvolvimento da consciência espiritual.
Ao final de suas palavras e reunindo em torno de si aquela poderosa
energia decorrente de sua humilde condição de um dos líderes morais da
Humanidade, Crema foi aplaudido. Era, sabemos, a forma como o público costuma
demonstrar seu contentamento, mas os aplausos quebraram todo o ritmo energético
que se experimentava ali. Compreensivo, o médico conferencista fez uma
silenciosa reverência às pessoas que o aplaudiam, felizes e já esquecidas das
palavras ouvidas – e se retirou. As pessoas, por sua vez, foram saciar o
estômago...
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