Fora da caridade não há salvação

Francisco Muniz
(publicado originalmente no informativo Mediunato, do C. E. Deus, Luz e Verdade, em maio de 2009)

Tal é o lema do Espiritismo e não por acaso a Doutrina nos recomenda a prática da caridade como meio de nos libertarmos do predomínio da matéria sobre nossa condição espiritual. Recordemos que no livro Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho o Espírito Irmão X (Humberto de Campos), narrando a visita da comitiva do Cristo à região da Pátria do Cruzeiro, trazia ela num estandarte esta divisa: "Deus, Cristo e caridade".
A caridade, portanto, está presente em todos os cometimentos espirituais e deve fazer parte de todas as ocupações e preocupações humanas. O espírita já sabe disto e é apontado nas ruas, quase sempre, como exemplo atual do samaritano referido no Evangelho. Esse é o caminho da salvação, que significa vitória sobre si mesmo, sobre o orgulho e o egoísmo que ainda são traços da personalidade humana mantida na imperfeição moral.
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec questiona sobre a noção de caridade tal como entendia Jesus e os Espíritos Superiores nos oferecem uma tríplice resposta: "Benevolência para com todos; perdão das ofensas; e indulgência para com as faltas alheias". Como se vêm a caridade é expressão das faculdades morais do homem, mesmo quando manifestada por vias materiais, por dar cumprimento à lição magna de Jesus: o que se quer para si mesmo deve-se fazer primordialmente ao outro.
Ao médium espírita tais recomendações parecem falar mais alto, embora elas atendam à generalidade dos homens. É que aqueles comprometidos com os ideais do Cristo nas lides do Consolador respondem mais diretamente ao convite do Evangelho, em examinando a própria consciência quanto aos deveres relativos à interpretação e disseminação das orientações provindas do Alto e destinadas ao esclarecimento das almas ainda na inferioridade. É quando se faz cumprir a lei de solidariedade, ocasião em que a caridade necessita se efetivar.
O espírita é aquele de quem se espera, em seu próprio meio, que urgentemente envergue a túnica do homem de bem delineado por Allan Kardec: "É aquele que cumpre a lei de justiça, amor e caridade em sua total pureza". Os tempos atuais, de intensa transformação planetária com vistas a alçar a Terra à condição de mundo de regeneração, exigem tal postura comportamental. Para tanto, é cada vez mais necessária a recomendação do Cristo quanto ao vigiar e orar para não nos desviarmos do caminho reto que leva à porta estreita.
O Cristo, nas palavras proferidas a seus discípulos há mais de dois mil anos, e ainda ecoando através dos séculos, ensina que devemos amar-nos uns aos outros como a nós mesmos. É assim, pois, que se começa a praticar a caridade, amando-nos para sabermos como amar ao próximo. Depois desse aprendizado, ou mesmo durante esse exercício, despertaremos para outra condição especificada por Jesus, a de renunciarmos a nós mesmos em favor dos mais necessitados, tal como procederam os grandes benfeitores da Humanidade.
Desse modo, então, esqueceremos o caminho da perdição, marcado com os estigmas do orgulho e do egoísmo, e libertados da identificação com o que é perecível, pelos próprios esforços em demanda da imortalidade, encontrar-nos-emos de possa dessa salvação descrita no Evangelho, que vem a ser, em suma, o encontro conosco mesmos na condição dos deuses, conforme explicou o Cristo.

Comentários

  1. Verdade. A vigilância que o espirita tem que exercer sobre seus próprios atos e pensamentos, é bem maior dos que os não espíritas. Principalmente se pratica a mediunidade para aliviar o sofrimentos de espíritos sofredores e infelizes, onde se exige para sucesso desta caridade, a autoridade moral do indivíduo.

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