O Espírito de Verdade

Francisco Muniz
(publicado originalmente na revista Visão Espírita - edição n.° 19 - Ano II - Dezembro.1999)

Quando, numa das primeiras edições de Visão Espírita, externei minha ignorância a respeito do Espírito de Verdade, respondendo insuficientemente a uma leitora na seção Tire suas dúvidas, a amiga Maria Antonio Castilho da Silveira, de Maceió (AL), tomou a sábia decisão de puxar-me a orelha, repreendendo minha preguiça em procurar esclarecer-me convenientemente. Primeiro, por telefonema à redação da revista e, depois, a pedido meu, numa simpática e documentada cartinha, a qual utilizo para fundamentar estas linhas, ao tempo em que registro, assim, minha gratidão à veneranda amiga que, do alto de seus 80 anos, soube exemplificar as lições do Evangelho ao jogar luzes sobre as trevas da ignorância, fonte de muitos de nossos males, senão todos.
Com a boa orientação de Maria Antonia, minha confusão a respeito do Espírito de Verdade por fim evanesceu e em seu lugar surgiu o Cristo Jesus, a luz de todo entendimento espiritual. O mais impressionante é que, mesmo perpassando os olhos pelas páginas de O Evangelho segundo o Espiritismo, onde o Espírito de Verdade se revela inteiramente, sem dar margem a dúvidas (só depois admiti!), ainda assim a venda continuou tapando minha vista, porque evidentemente eu nada lia. É que até então eu me prendia à "letra que mata", em detrimento do "espírito que vivifica", ao ter em mente que o Espírito de Verdade era tão somente o Consolador prometido por Jesus.
No entanto, no próprio O Evangelho segundo o Espiritismo, nas "instruções os Espíritos" referentes ao capítulo VI (O Cristo Consolador), tudo se esclarece definitivamente e somente os corações ainda endurecidos não se darão conta disso. Ali, no tópico intitulado "Advento do Espírito de Verdade", eis que este, sem se nomear, revela-se como o Messias que pisou o chão do mundo há dois mil anos: "Venho, como outrora, entre os filhos desgarrados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que levanta as ondas. Eu reveli a doutrina divina; e como um segador, liguei em feixes o bem esparso pela humanidade, e disse: "Vinde a mim todos vós que sofreis!" (início da mensagem recebida em Paris, em 1860).
Consubstanciando sua carta, Maria Antonia refere-se a um artigo de Kleber Halfeld, citando por sua vez mensagem do Espírito Erasto na Revista Espírita de fevereiro de 1868: "Marchai, pois, impertubavelmente em vossa estrada, sem vos preocupar com as troças de uns e o amor-próprio ferido de outros. Estamos e ficaremos convosco, sob a égide do Espírito de Verdade, nosso e vosso Mestre". Ela cita, ainda, passagem do livro Missionários da luz (André Luiz/ Francisco C. Xavier), à página 99 do capítulo 9, na qual o mentor Alexandre, nimbado de "fios irisados de brilhante luz" conduzia uma palestra: "Mediunidade - prosseguiu ele, arrebatando-nos os corações - constitui 'meio de comunicação' e o próprio Jesus nos afirma: 'Eu sou a porta ... se alguém entrar por mim será salvo e entrará, sairá e achará pastagens'! Por que audácia incompreensível imaginais a realização sublime sem vos afeiçoardes ao Espírito de Verdade, que é o próprio Senhor?"
É bom recordar, como bem orienta Maria Antonia, que o próprio Cristo deixou patente que nunca nos deixaria órfãos, posto que recebeu do pai todo o poder sobre o céu e a Terra e que assim cuida de nós desde todos os tempos, do mesmo modo como coordenou o aparecimento de seu Consolador prometido. "Ah! Este assunto... Como é bom conhecer melhor nosso Senhor Jesus-Cristo!", pondera a amida alagoana, acrescentando que aqueles desejosos de se aprofundarem no estudo devem meditar sobre o que se encontra em João 14, de 16 a 18 (todos os grifos são meus).

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