Chico Xavier, um dos religiosos do século no Brasil

Francisco Muniz
(publicado originalmente na revista Visão Espírita n.° 16 - Ano II - Setembro.1999)

Francisco Cândido Xavier, um humilde servidor público que mal completou o curso primário e mesmo assim publicou mais de 400 livros com mensagens de elevação espiritual que têm comovido pessoas em várias partes do mundo, foi eleito, no final dos anos 90, um dos 20 maiores representantes da religiosidade brasileira no século XX. Na promoção da revista IstoÉ que aponta "o brasileiro do século" nos mais diversos segmentos da vida pública nacional, Chico aparece em terceiro lugar, com 61,55% dos votos dos leitores, atrás apenas da freira baiana Irmã Dulce, desencarnada em 1992, e do sacerdote católico cearense Dom Hélder Câmara, arcebispo emérito de Recife e Olinda.
Os religiosos católicos ou originalmente vinculados à Igreja Católica são maioria entre os 20 eleitos, escolhidos por uma comissão representativa dos vários credos e correntes de pensamento, incluindo-se aí sociólogos, jornalistas, antropólogos e filósofos, dentre outros. O júri identificou 30 nomes para o voto dos leitores, que elegeram os 20 homenageados. Além de Chico Xavier, Irmã Dulce e D. Hélder, figuram ainda na relação a sacerdotisa do candomblé Mãe Menininha do Gantois, Alziro Zarur (ambos desencarnados), fundador da Legião da Boa Vontade (LBV), e o rabino Henry Sobel, líder da comunidade judaica no País.
Homem amor
Aos 89 anos, completados em abril deste ano (1999), Chico Xavier é hoje identificado como a própria expressão do amor que o Cristo proclamou na Terra, há dois mil anos. Sua conduta, ao longo dessas quase nove décadas, se resume na dedicação ao próximo e à Doutrina Espírita, que ajudou a difundir através das obras ditadas por espíritos como o historiógrafo Emmanuel, seu guia protetor; o médico André Luiz; o cronista e contista Humberto de Campos; e a poetisa Maria Dolores, dentre inúmeros outros, em nome de Jesus.
Atualmente, Chico já não trabalha tanto quanto antes, mas não se recusa a receber as centenas de pessoas que chegam ao Centro Espírita da Prece, em Uberaba (MG), para merecerem um instante de sua atenção. Com a saúde debilitada depois de várias crises de angina e dois infartos, enxergando muito mal e tomando medicamentos diariamente, Chico, entretanto, dedica seus sábados a estender a mão para uma verdadeira legião de admiradores que parte de vários pontos do brasil apenas para vê-lo e falar com ele.
Testemunho
Segundo o médium psicógrafo e expositor mineiro Robson Pinheiro Santos, Chico Xavier é o mais fiel e autêntico representante de Allan Kardec, sendo "para todos nós que abraçamos a Doutrina Espírita um exemplo a seguir", devido à simplicidade e boa vontade do tutelado de Emmanuel. Para Robson, Chico "desenvolve uma forma de Espiritismo muito bem denominada como sendo um 'Espiritismo caipira", ou seja, simples, sem que os donos dos centros e os fariseus modernos possam colocar seu dedo no andamento dos trabalhos".
A abençoada atividade mediúnica de Chico Xavier já foi capaz de influir até mesmo n as sentenças judiciais, beneficiando inocentes injustamente acusados e dirimindo dúvidas inclusive envolvendo os próprios desencarnados, como foi o caso de Humberto de Campos. A viúva do famoso escritor quis ter direitos sobre os poemas publicados no livro Parnaso de além-túmulo, mas o s tribunais deram ganho de causa a Chico.
O médium de Uberaba, enquanto ainda permanecer entre nós, será sempre o medianeiro dos Espíritos de Jesus, norteando os rumos do movimento espírita. Para o futuro, no mundo espiritual, o próprio Chico já está informado de que dará continuidade ao mediunato, conforme esclarecimento de Emmanuel. Consta que Chico teria perguntado ao mentor que atividades teria uma vez ingressando na Espiritualidade, recebendo de Emmanuel esta resposta: "Provavelmente você continuará sendo médium!"

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