A grande viagem


Francisco Muniz

Que a vida é efêmera ninguém discute. Que ela é um estágio de aprendizado para os espíritos é fato. Que a morte marca a libertação do espírito de sua prisão na carne nós também sabemos. Por vezes ficamos felizes, se somos espíritas conscientes, quando alguém, que supomos ter cumprido suas provas na matéria, volta para casa - a pátria espiritual.
Mas quando esse movimento de retorno se intensifica e observamos muitos amigos e parentes fazendo a "grande viagem", pensamos logo em nossa vez, que pode estar próxima, e nos perguntamos não quando será, mas se estamos prontos para ela. Será que estamos fazendo o necessário para sairmos daqui com algum crédito? Será que conseguiremos, de fato, reencontrar aqueles que nos são caros e nos antecederam na partida?
Então compreendemos que é preciso redobrar os esforços no desenvolvimento das virtudes, procedendo à propalada reforma interior, fazendo a faxina da casa mental: é necessário espanar as teias de aranha que são os velhos hábitos; varrer (não para debaixo do tapete) os conceitos equivocados; assear os pensamentos negativos; polir as ideias; lavar a alma com o sabão do perdão e pô-la para secar ao sol da caridade no varal da compreensão.
Só assim estaremos aptos a abandonar o barco físico como o passageiro ao final da viagem, descendo no porto de destino. Que não seja esse abandono provocado por um naufrágio, porque então será preciso encontrar uma outra embarcação e não é possível, nesses casos, precisar quando chegará o próximo navio...

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