Um pouco de nós mesmos

Francisco Muniz

Com o título acima publiquei em agosto de 1976, num jornalzinho mimeografado chamado "O Jovem", descrito como "jornal filosófico e informativo". Era um dos inúmeros veículos de divulgação da Doutrina Espírita existente na Bahia na ocasião e este especialmente circulava em Feira de Santana, supostamente editado por Ariston Santana Teles, hoje um  dirigente espírita militante na região de Brasília. Não por acaso, é dele o artigo de abertura do jornalzinho em tela, um periódico mensal de apenas duas páginas! Meu texto, assinado apenas com meu sobrenome, ocupava metade do verso, dividindo espaço com uma interessante psicografia de Divaldo Franco ditada pelo Espírito Padre Ovídio, personagem importante da história de Feira de Santana. Mas vamos aos pensamentos que me estimulavam na época, quando já vivia em Salvador e ainda estava afeiçoado às atividades da juventude espírita, matriculado, na ocasião, na Mocidade Espírita Mensagem de Esperança (MEME), conduzida por Luís Alberto e Raimunda no Instituto Espírita da Bahia. Eis o texto:

"Pois que a vocês eu pareço um livro fechado: só se vê a capa!
Não podemos ser assim!
Não posso ser assim! É preciso abrir-me e ao mesmo tempo abrir-nos.
Temos que abrir o livro de nossas vidas, abrir nossas almas, nossos braços, nossos corações  e acolhermos a quem precisa de nossa acolhida.
Abramos nossos livros e meditemos sobre a mensagem que for escolhida e levemo-la ao conhecimento de todos. Não apenas nós precisamos ouvir palavras de consolo, conforto ou alegria; também aqueles que não possuem oportunidades como nós as temos. Clamemos a todos as alegrias do Reino, a necessidade do sentimento puro e a realidade da reencarnação e estaremos desta maneira levando amparo às desditosas almas, alegrias aos infelizes e conforto aos desventurados.
Lembremo-nos do Apóstolo João, que pregava lindas mensagens aos seus companheiros e estes, por sua vez, as transmitiam ao povo. Certa vez, três deles vieram a João e o indagaram, se não havia uma nova mensagem para levar ao conhecimento do povo? João calou, meditou e por fim disse: "Dizei isto ao povo: Filhos, amai-vos uns aos outros!".
Os discípulos espantaram-se: "Como, se já antes dissemos isto a eles? Não tendes uma mensagem mais nova que esta?" E João, sereno, lhes responde: "Ainda que bela seja uma mensagem, ela envelhecerá, mesmo que nova. Mas dizei-a sempre e ela se alojará no coração de todos. Portanto, ide e dizei ao povo: Meus filhos, amai-vos uns aos outros!"

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O curioso é que, tendo esquecido esse texto - lá se vão mais de 30 anos! -, mesmo assim tenho repetido essa mensagem do apóstolo João, o Evangelista, nas palestras a que sou chamado a ministrar, na atualidade...

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