Esboço (3)

Francisco Muniz
Esoterismo e exoterismo espíritas

Por sua abrangência interpretativa das realidades física e espiritual, falando diretamente à instância psíquica, ou anímica, de cada um de nós, o Espiritismo, doutrina codificada pelo sábio francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, com o pseudônimo de Allan Kardec, é tanto esotérico quanto exotérico. É esotérico ao considerar a dimensão intra-humana e incutir no homem a noção de que ele é algo além da estrutura física e como tal deve cuidar revolucionariamente de sua essência espiritual, promovendo ações internas e externas que resultem em sua transformação íntima, consoante o ensinamento segundo o qual o "homem velho" precisa "morrer" para que nasça o "homem novo", conforme assevera o Cristo. E é exotérico por tratar da dimensão extrafísica, ao trazer-nos o ensino dos Espíritos desencarnados como recurso indispensável para procedermos à viagem interior com algum sucesso, a depender sempre do esforço que façamos para compreender e praticar essas lições.
Nesse sentido, entre em pauta uma condições no homem tão antiga quanto ele mesmo, que se estabelece como subsídio para melhor assimilação das mensagens do Invisíveis, qual seja a mediunidade, que faz de cada um o meio propício para que os Espíritos, que vivem numa dimensão paralela a esta dos "vivos", manifestem-se e interajam conosco. O médium, portanto, é o canal por onde fluem as águas que, "caídas" do Alto, vêm dessedentar os carentes de consolação e entendimento perante as duas realidades que compõem a dupla natureza humana: a corporal e a espiritual. É condição natural, portanto, entendida de modo esotérico como concessão divina para o homem alavancar seu progresso espiritual...

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