Francisco Muniz
As pessoas “comuns”, isto é, aquelas que se pautam pelo
pragmatismo nas questões do mundo, dizem, ao se reportarem às coisas
transcendentais, especialmente no tocante à vida além da morte física, que “ninguém
nunca voltou para dizer como é”. Com isso atestam seu ceticismo e, pior, sua
ignorância acerca da própria vida, que nos convida a um exame mais acurado de
todos os seus aspectos. Afinal, informações há de sobejo à disposição de quem
queira pelo menos ilustrar-se no conhecimento da Verdade, principalmente para
quem deseja mudar de ideia a respeito das próprias convicções.
Ora, o “correio do Além”, se assim podemos nos expressar,
jamais esteve inativo e a história da Humanidade é pródiga a esse respeito. É
certo, portanto, que “eles” voltam para contar como é “lá” e, se não vêm,
recepcionam quem se disponha a buscar notícias na fonte, a exemplo do poeta
renascentista italiano Dante Alighieri, os gregos iniciados nos mistérios de
Elêusis, o sueco Emmanuel Swedenborg e tantos outros que devassaram o véu do
Invisível e se fizeram narradores especialíssimos dos panoramas e ocorrências
referentes a um mundo tão nosso conhecido, o qual julgamos, contudo, não nos
pertencer, ao ponto de o chamarmos de “outro”.
Coube ao pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail tornar
patente a realidade da vida extrafísica, revelando-a, através do concurso dos
habitantes do Mundo Espiritual, como o conhecimento mais proveitosa de
encetarmos as modificações de mente e caráter (disposição moral) de que necessitamos
para nos sentirmos sempre bem (bem se vê que aqui transcendemos a simples
questão de saúde física e/ou mental). Com o pseudônimo de Allan Kardec, o
pesquisador francês tornou-nos possível, desde o século XIX, rasgar o véu do “outro
mundo” ao nos apontar a todos na condição de médiuns, ou seja, detentores da “chave”
que abre as portas da realidade transcendental. Na qualidade de médiuns,
entramos em contato com seres não tão desconhecidos de nós mesmos, descobrindo
que eles já estiveram aqui com conosco, assim como procedemos de “lá”. A mediunidade,
então, é o “xis” que soluciona o problema.
Foi com essa incógnita que o mineiro Francisco Cândido
Xavier, então com 17 anos de idade, deparou-se um dia, ele que desde cedo já
experimentava ocorrências próprias de sua condição de médium. Adolescente, ele
conheceu os amigos encarnados – o casal Perácio – José Hermínio e Carmem – que o
iniciariam nas lides do intercâmbio espiritual a partir do conhecimento da
Doutrina dos Espíritos. Fato semelhante também aconteceu com o baiano Divaldo
Pereira Franco, com a fluminense Yvonne do Amaral Pereira e muitos outros
médiuns no Brasil e alhures, chamados a desempenhar um papel preponderante na
disseminação das verdades relativas à imortalidade do ser, dando prosseguimento
à tarefa de anunciar a Boa Nova do Reino executada por Jesus há mais de dois
mil anos.
É imperioso, assim, que saibamos atentar para a praticidade
desse “correio”, aumentando nossa percepção acerca da Vida, uma vez que o
intercâmbio entre os dois mundos propõe por finalidade a transformação moral dos
homens. A praticidade está em não só fazermo-nos condignos desse intercâmbio
com os Espíritos, através da adoção de posturas responsáveis em benefício de
nós mesmos e dos outros – “eles”, inclusive –, mas sobretudo precavendo-nos
quanto às surpresas desagradáveis que por desventura nos assaltem no pós-vida,
em razão de nossa indiferença para com os deveres morais/conscienciais, que nos
exortam a praticar o bem.
Vemos, assim, na mediunidade uma ferramenta pedagógica que,
se bem utilizada, fará de seu portador tanto um bom canal a serviço dos
missivistas do Além, quanto um autêntico representante de Jesus na Terra,
retransmitindo incessantemente a Boa Nova do Reino dos Céus, a fim de que cada
vez mais tenham os homens a possibilidade de reencontrar o caminho para Deus.
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