Francisco Muniz
Sem ideias para escrever este artigo, peço sugestões a
amigos espíritas e as mulheres é que opinam. Rita sugere “algo a respeito da família, do papel dos pais no
crescimento dos filhos, de até onde a gente pode interferir...”, enquanto
Fátima Christina aponta um assunto “voltado para a educação - escola e pais -
como dar limites?” Como se vê são temas correlatos e se complementam com
uma das sugestões de uma outra Fátima, que pretende eu escreva sobre “o estudar como fator de transformação” ou, mais
especificamente, “estudar e o crescimento espiritual”, principalmente em razão
dos tempos de transição que já vivemos no planeta desde o século passado e se
intensifica neste terceiro milênio.
São temas pertinentes, convenhamos, e
eis que acordo de madrugada matutando acerca do impositivo e eis que me recordo
que há aproximadamente 10 anos comentei, no posfácio ao livro “Os novos tempos
chegaram”, que o amigo espírita feirense Evilásio Menezes publicou pela Editora
DPL, algumas linhas relativas à pedagogia espírita. Dizia, naquela
ocasião, que a evangelização de crianças e jovens no âmbito da casa espírita
deveria ser acompanhada necessariamente pela instrução moral dos familiares,
especialmente seus pais, para se garantir esse aprendizado diferenciado,
motivando a troca de pensamentos e ideias voltados para a harmonia geral.
Em seu livro Evilásio Menezes iniciou a exploração de uma temática
que iria aprofundar em “Pedagogia da consciência”, sua mais recente obra, agora
publicada pela Editora EME. “Os novos tempos chegaram”, dentre várias
informações, traz-nos ao conhecimento um curioso diálogo transcorrido na Grécia
clássica dos filósofos, numa certa residência onde um pai interroga seu filho a
respeito da educação que este recebe por conta de um certo filósofo. O menino,
contudo, escusa-se de responder à inquirição paterna informando não poder
fazê-lo naquele momento. Mas o pai insiste, afinal, é seu filho e quer que as
instruções que receba sejam as melhores, de modo que insiste com seu garoto.
Este, porém, mantém-se na recusa e por fim seu pai se irrita e enfurecido ante
o que pensa ser a rebeldia do filho, desfere-lhe uma sonora bofetada no rosto.
O garoto, então, chorando e afagando a face dolorida, exclama: “Eis aí, meu
pai, o que tenho aprendido: a respeitar os mais velhos, a perdoar os ofensores,
a fazer o bem até mesmo a quem me faz o mal!”
Desde tempos os mais remotos, não é tarefa muito fácil educar os
filhos, pois ora os mimamos em demasia, ora negamos-lhe a necessária cota de carinho
e das duas formas provocamos dramas motivados pela carência de atenção que no
futuro poderão se manifestar até mesmo como incentivo à criminalidade. Mas como
caminhar o caminho do meio, oferecendo aos espíritos reencarnantes o devido
esclarecimento sem derrapar na excessiva liberalidade nem na repressão
castradora? Como observar os limites apontamds pela amiga Rita?
Na atualidade, psicólogos e pedagogos se debruçam com maior ênfase
sobre o problema e há que louvarmos importantes contribuições literárias como a
de Içami Tiba, que em “Quem ama, educa” oferece informações técnicas sobre como
não transformar os filhos em criaturinhas tiranas na família nem adultos de
caráter malformado, representando um peso para a sociedade. A contribuição
espírita, no entanto, precisa ser seriamente considerada, porquanto se o
profissionais leigos vêm a expressão do problema, o Espiritismo preconiza suas
causas na origem de fato, que é a personalidade da alma imortal, viajora do
tempo e do espaço e assim realizando seu lento aprendizado de conformação moral
ante os ideais de engrandecimento que somente a consciência burilada poderá
avaliar. Enquanto tal não se dá, é compreensível que os seres se comportem de
maneira inadequada quanto aos valores que devem nortear uma sociedade
harmonizada, cabendo aos líderes, a começar pelos pais, o papel de bons
condutores,
A ação evangelizadora levada a efeito na intimidade da Casa
Espírita deverá, portanto, transcender seus limites físicos e encontrar eco nos
lares de suas redondezas, especialmente no de seus frequentadores, mesmo aqueles
que o sejam eventualmente, preconizando o imprescindível culto doméstico do
Evangelho e o comparecimento ao menos às reuniões públicas de esclarecimento,
cujos temas deverão sempre abordar as ideias de transformação de hábitos,
sentimentos e maneira de ver o mundo, facilitando aos pais a tarefa de serem
exemplos para aqueles que eles desejam serem, um dia, pessoas de bem.
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