A importância de dizer bom dia

Francisco Muniz

Quando Jesus disse, certa vez, que seja nosso falar “sim, sim; não, não”, certamente ele estava nos informando da imperiosa necessidade de sermos sempre positivos, propositivos e otimistas quanto coerentes e mesmo justos em nossas palavras, só dizendo coisas boas a qualquer pessoa que nos cruze o caminho, a começar daqueles com quem convivemos. Assim, desde o despertar devemos estar ocupados nessa construção de um ser melhor, dando de nós mesmos, aos outros, exatamente o que nós merecemos. Pois não foi o Cristo quem ensinou a amar o próximo como a si mesmo? Uma vez, uma pessoa que nos foi pedir auxílio contou algo a respeito de si mesma, deixando-nos uma preciosa lição de boa convivência. Todos os dias, aos sair de casa, segundo nos disse, ela costumava desejar um bom dia ao gari que toda manhã varria a rua onde ela morava. Mas nossa amiga reparava que ele jamais respondia. Um dia, ela acordou tarde e, atrasada para o trabalho, arrumou-se e alimentou-se com pressa e saiu, preocupada em não perder o dia de serviço. Com isso, esqueceu-se de dizer bom dia ao varredor de rua, que estava ali, como de hábito, em sua função de limpeza. No entanto, antes que ela se afastasse muito, ele a chamou, dizendo que não recebera seu bom-dia. Nossa amiga teve de parar e fazer a saudação, ouvindo estas palavras do gari: “Saiba que todos os dias você me diz ‘bom dia’ e eu não respondo, mas eu estou pedindo a Deus por você!”
Esse depoimento nos leva a refletir acerca do quanto nossas palavras, muitas vezes despretensiosas, têm um alcance inimaginável. Essa história é semelhante a um dos muitos relatos feitos a propósito da vida do médium Chico Xavier, quando este ainda estava encarnado, em Pedro Leopoldo (MG), e cumpria sua rotina de trabalho na Fazenda Modelo. Um dia, Chico também saíra de casa com pressa para chegar ao local de suas tarefas ordinárias quando uma vizinha o chamou para uma consulta qualquer. “Não tenho tempo”, disse-lhe o médium, afastando-se, mas logo em seguida aparece-lhe seu mentor espiritual, Emmanuel, e este pede a Chico que vá ouvir o que a vizinha quer lhe dizer. Obediente, Chico acede e conversa cerca de dez minutos com a mulher e por fim vai embora. Ele não se afasta cem metros quando Emmanuel retorna e lhe pede que olhe para trás, na direção da casa da vizinha. Chico volta-se e vê jatos de energia luminosa vindo na direção dele, que recebe de seu mentor esta observação: “Agora imagine o que viria se você tivesse se negado a atendê-la!”
Pois é, se julgarmos que, como disse o apóstolo Paulo, estamos rodeados por uma nuvem de testemunhas invisíveis, certamente pensaremos melhor ao tomar qualquer atitude, especialmente vigiando pensamentos e palavras direcionados aos outros. As palavras, como é sabido, podem elevar quanto ofender muito uma pessoa, de modo que é nosso dever vigiarmos constantemente pensamentos e ações verbais para não sermos surpreendidos por consequências desagradáveis que poderíamos evitar. Do mesmo modo, somos convidados a não só vigiar, mas também a orar incessantemente a fim que que nossas companhias invisíveis sejam mais as que ajudam que as que atrapalham, para termos sucesso tanto nas pequenas quanto nas conversações de vulto.
A esse respeito, recordamos um episódio narrado pelo motorista de um táxi que utilizamos certa vez, o qual vem a ser um amigo nosso. Contava ele, na ocasião, que, ao conversar com uma outra pessoa de suas relações, esta, “de repente”, ofendeu-se e o destratou, coisa que ele não conseguiu compreender porque, segundo afirmou, nada disse que pudesse gerar aquela situação. “É que você não falava sozinho nem ela ouvia sozinha”, eu disse a ele, sem refletir, naquele momento, acerca da profundidade de minhas palavras.
Mas essa é a verdade, não estamos jamais a sós e teremos sucesso em nossos relacionamentos se mais ouvirmos do que falarmos e, se chamados a dar algum parecer, proferirmos palavras que venham embaladas pela suavidade de uma prece, a fim de atrairmos sempre boas companhias que nos auxiliarão no sentido de superarmos obstáculos que se exteriorizam nas dissensões e se prolongam nos ressentimentos. “O preço da liberdade é a eterna vigilância”, como reza antigo “slogan” do Exército Brasileiro...

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