A reencarnação e a dactiloscopia

Carlos Bernardo Loureiro

Diz a Ciência: não há uma impressão digital igual a outra. Será? Quando um fato desse é descoberto, pode ser indicativo de um caso de reencarnação?

Em 27 de maio de 1935, publico a "Gazeta do Recife" uma reportagem impressionante segundo a qual um espírita estudioso conseguiu obter duas impressões digitais idênticas. Sabe-se que é princípio assente em dactiloscopia não existirem duas impressões papilares idênticas, princípio que, neste caso, não foi derrogado, visto não se tratar de impressões de duas pessoas vivas, mas de duas pessoas que viveram em épocas diferentes.
O colecionador de impressões digitais é o Sr. João Apolinário dos Santos, técnico em dactiloscopia. De cada pessoa levava o Sr. Apolinário a impressão do polegar direito, por ter desenho básico, e, quando possível, registrava as dez impressões, dada a possibilidade de surgir alguém a quem faltasse um dedo.
Informa a "Gazeta do Recife" que, certo dia, João Apolinário, tendo visitado um amigo, o Sr. Manoel do Nascimento, pediu-lhe consentimento para realizar pesquisas dactiloscópicas com seus filhos e netos. Entre as crianças, figurava o menino José Odon, conhecido na família por Pipiu. O Sr. Apolinário começou a confrontar as impressões das crianças com as de pessoas falecidas. Foi então que descobriu perfeita igualdade entre os desenhos digitais do pequeno Pipiu e os de um velho amigo da família da criança, Pedro Guedes de Oliveira, morto havia cerca de 10 anos, em idade avançada.
Aquela extraordinária constatação evidenciava, a olhos visto, um processo palingenésico, levando-se em conta as relações de sincera amizade entre o "de cujus" e a família Nascimento. Satisfeito com sua importante descoberta, o Sr. Apolinário, no dia seguinte, foi até a residência do Sr. Manoel do Nascimento comunicar-lhe o que ocorrera, deixando em poder da família duas fichas dactiloscópicas, para que todos pudessem verificar sua igualdade absoluta.
A "Gazeta do Recife" levou o caso ao conhecimento do Instituto de Identificação de Pernambuco, que designou o técnico em dactiloscopia Estanislau Pereira de Souza, que emitiu, após acurados exames, o seguinte parecer:
"Não há dúvidas. Estou diante de um fato inédito. Há anos que examino fichas, na crença de que uma igualdade jamais seria verificada. São perfeitamente iguais os dois desenhos, apesar da diferença dos tamanhos. Ambos caracterizam por um verticilo espiralóide, com os mesmos dedos, que também se distanciam por igual número de linhas papilares. Aliás, segundo a ciência, 12 pontos bastariam para se atestar a igualdade de duas impressões. No entanto, no caso vertente, todos os pontos são perfeitamente iguais."
O jornal "Mundo Espírita", que então se editava no Rio de Janeiro, referiu-se largamente a esse mais do que sugestivo caso de reencarnação, em seu número 164, de 17 de junho de 1935.

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