Mortes coletivas

Francisco Muniz

Em razão do processo de transição planetária, as mortes coletivas estão acontecendo com maior intensidade. Em 1998, dois episódios acontecidos no Brasil contribuíram para uma matéria que fiz para a revista Visão Espírita, a qual transcrevo aqui.

Pessoas morrem todos os dias, individualmente ou em grupo. Evidentemente, as mortes coletivas chocam muito mais porque trazem sempre a conotação de tragédia. Ultimamente, essas tragédias têm se repetido com muita frequência. Em menos de quinze dias, para se ter uma ideia, três desastres de grandes proporções aconteceram no mundo e dois deles tiveram lugar aqui no Brasil - em São Paulo, mais propriamente. O drama internacional foi a queda do avião da empresa Swissair, no Canadá, com mais de 200 pessoas a bordo. Em nosso País, o choque ficou por conta do desabamento do telhado de um dos maiores templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Osasco e da colisão seguida de incêndio que envolveu uma carreta de combustível e dois ônibus cheios de romeiros.
Nesses dois casos, em particular, notamos uma coincidência: tratava-se de dois grupos religiosos. Ora, religiosos também morrem todos os dias, mas quando essas mortes são coletivas, fatalmente as pessoas são levadas a pensar, desavisadamente, que Deus deixou de olhar pelos "desafortunados", os quais, por se dedicarem a uma religião, não mereciam morrer de forma tão trágica. A raciocinar assim, somente aqueles que confessada ou sabidamente de desvinculam das diversas correntes religiosas deveriam sofrer mortes violentas. No entanto, vemos que raras são as pessoas que partem para o "outro mundo" de forma realmente branda, posto que em geral são as doenças as causas mais comuns de mortes não-violentas.
Allan Kardec também preocupou-se em indagar dos Espíritos Superiores a razão das mortes coletivas, principalmente aquelas provocadas pelos grandes abalos naturais, como terremotos e epidemias. A resposta foi que Deus promove tais "flagelos destruidores" com o fim de fazer a Humanidade avançar mais depressa. Segundo os Espíritos, esses flagelos decorrem do cumprimento da Lei de Destruição, que é uma das leis da Natureza: "É necessário que tudo se destrua para renascer e se regenerar, porque isso a que chamar destruição não é mais que transformação, cujo objetivo é a renovação e o melhoramento dos seres vivos".
É preciso, assim, ver todos os fatos da vida como cumprimento das leis de Deus. Isso não significa que devamos por na conta de Deus o que seja apenas fruto da incúria dos homens. No caso do desabamento do telhado do templo da IURD, por exemplo, especialistas afirmaram que a estrutura do teto do prédio não oferecia boas condições. Esse prédio abrigava, além do templo, outros locais de aglomeração de pessoas, a exemplo de cinemas. A contante trepidação provocada pelo movimento dos frequentadores em trânsito é suficiente para desestruturar as construções, razão pela qual as estrutura físicas devem ser reforçadas ocasionalmente, de acordo com as normas de engenharia.
Se a morte também é transformação, uma vez também decorrente da Lei de Destruição, é necessário que entendamos que ela não é um castigo de Deus, nem acontece por acaso, atingindo quem não "merece" enquanto aquele que "certamente merecia" continua vivo. Mas, dizem os autores da Doutrina dos Espíritos, "é necessário ver o fim para apreciar os resultados. Só julgais essas coisas do vosso próprio ponto de vista, e as chamais de flagelos por causa dos prejuízos que vos causam; mas esses transtornos são frequentemente necessários para fazer com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos".
Tanto as cerca de 30 pessoas mortas em função do desabamento do teto do templo da IURD, onde havia mil e 300 pessoas reunidas, quanto as cinco dezenas de romeiros que pereceram no desastre seguinte são espíritos para os quais chegara o instante da transformação. Isso quer dizer que continuarão atuando, de acordo com as condições em que se encontrem, numa outra esfera da vida, já que em verdade a morte acomete apenas a vestimenta de carne usada pelo espírito para se manifestar no plano físico.
O choque, nessas mortes coletivas, refere-se ao fato de alcançarem tanto pessoas de bem quanto malfeitores, indiscriminadamente. Até por aí já se poderia vislumbrar a justiça divina atuante, mas por nosso orgulho nos fazemos cegos e surdos aos ditames da Lei. Kardec também perguntou aos Espíritos Superiores se Deus não poderia empregar outros meios que não os flagelos destruidores para melhorar a Humanidade. "Sim", responderam eles, acrescentando que diariamente esses meios são empregados, pois Deus "deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. É o homem que não os aproveita; então, é necessário castigá-lo em seu orgulho e fazê-lo sentir a própria fraqueza".

Comentários

  1. Eu amo Francisco Muniz! Sou seu fã, pelo que és...
    Avô e Pai...
    Franscisco é uma destas alams distintas que veio ao mundo para nos brindar com suas profundas relfexões em torno da vida...
    Taí um texto que não nos deixa dúvidas...
    Chico Chiz meu irmão e amgigo...
    chiquinho, Chiquinho... EU TE AMO, irmão querido

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  2. Independentemente de crenças, fé, religião, leiam os livros de Alan Kardec "O LIVRO DOS ESPIRITOS" e "O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO", lá voces encontrarão respostas para as nossas vidas aqui na terra, e o mais importante voce e seu espirito progredirá. Precisamos de comida para energia de nosso corpo físico, alimente também seu espirito. Boa leitura. Mauricio Rocha

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