Entrevista com Cláudio Emanuel Abdala

(Extraída do boletim Leitor EME n.º 25 [agosto.2011], da Editora EME, de Capivari - SP - anunciando o lançamento do livro  "Contos da vida", do escritor e expositor espírita baiano, idealizador e dirigente da Sociedade Espírita Campo da Paz, localizada no Jardim Nova Esperança, em Salvador.)

Como você conheceu o Espiritismo?
Aos 16 anos, a convite de um irmão. Nessa idade, iniciou-e também meu interesse pela literatura.

Qual a importância do Espiritismo em sua vida?
A importância que tem o sangue e o ar para meu corpo físico. É meu norte. Foi a Doutrina Espírita que me apresentou Jesus como todo seu esplendor.

Você é médium? Como a mediunidade auxilia em seu livros e em seu cotidiano?
Sim. Nos livros, é inequívoca a inspiração dos amigos da Espiritualidade. Sinto-lhes a presença, toda vez que me dedico a escrever. Em meu cotidiano, a mediunidade, facilitando meu contato com a Espiritualidade, desde que sintonizado com o bem, deixa-me sereno diante das adversidades. Só não sou mais auxiliado por causa das inúmeras imperfeições que me caracterizam.

Como surgiu a ideia do Projeto Campo da Paz? Quais são os objetivos e quais atividades funcionam atualmente?
O sonho teve início há mais de 25 anos, quando participava da Juventude Espírita Maria Dolores. Temos o objetivo de acolher em tempo integral crianças órfãs com deficiência e, futuramente, idosos socialmente desamparados. Estamos hoje aguardando a chegada das crianças via Vara da Infância e Juventude. Atualmente, em nosso núcleo, realizados estudos sobre as obras de André Luiz e mediunidade, promovendo ainda o estudo sistematizado da Doutrina Espírita. Realizamos também reunião mediúnica. Estamos nos preparando para dar início à construção do salão doutrinário.

Qual a principal motivação para escrever o livro Contos da vida?
Um forte impulso que surgiu em meu coração, um desejo incontido de passar amor em histórias simples.

Alguém o incentivou a desenvolver esse trabalho?
Minha esposa e os companheiros de nossa casa de oração.

Teve alguma surpresa ou dificuldade para realizar o livro? Quais?
Não. Eu sentia a presença dos companheiros espirituais. Via como uma tela cinematográfica e ia escrevendo.

O que deseja transmitir aos leitores com essa obra?
Amor. Desejo entender os meandros da vida, lutando para mudar o possível e resignar-me diante do "impossível", entregando a Deus a nossa vida.

Os contos e as crônicas espíritas têm tanta importância quando os estudos doutrinários?
O maior Espírito que pisou na Terra, o mestre de todos nós, o senhor de nossas vidas, Jesus, iluminou o mundo contando histórias, as espetaculares parábolas. O Espiritismo é inesgotável, dando ensejo a estudos em todos os ramos do conhecimento.

Você aborda uma série de temas atuais. É difícil aplicar o conhecimento espírita em assuntos do dia a dia?
Foi para isso que nos foram ministrados. Toda a dificuldade está em nós. A renovação interior em urgência em nossas vidas, a dificuldade faz parte da jornada, estamos na viagem "do átomo ao arcanjo, que um dia fora átomo".

As drogas têm realmente "adotado" nossas crianças e jovens, sejam pobres ou ricos?
Estamos num momento de transição planetária, e toda transição é dolorosa. Muitas doutrinas comentam sobre a "besta do apocalipse", e a droga pode ser essa besta. Às vezes, a busca desenfreada pelas coisas materiais faz com que surjam os chamados "órfãos de pais vivos", e muitas vezes as drogas ocupam esse espaço. O vazio existencial também conduz a criatura a penetrar esse doloroso caminho.

O Espiritismo tem contribuído para um fortalecimento da espiritualidade em nossa sociedade?
Essa é a grande missão do Espiritismo: provar de forma racional que somos espíritos imortais, filhos de Deus, e que Jesus é o "caminho por onde devem trilhar nossos pés".

Você acredita que, nos dias atuais, é mais presente a solidariedade ou ainda o egoísmo?
O sofrimento é grande na Terra, entretanto, o amor também. Diante das catástrofes, o ser humano consegue exteriorizar o amor que jaz latente nas fibras mais íntimas da alma. O egoísmo ainda é a maior chaga da Humanidade, mas irá desaparecer envergonhado, quando o amor ganhar terreno no coração das criaturas, e se materializar na mais pura solidariedade.

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