Espíritos do evangelho (39)

As "Instruções dos Espíritos" com que Allan Kardec encerrou alguns dos 28 capítulos de O Evangelho Segundo o Espiritismo são todas assinadas e seus autores podem ser facilmente identificados, porquanto são personalidades da cultura francesa, alguns, enquanto outros têm seu nome ligado à história do Cristianismo, tendo sido ou apóstolos ou discípulos, seguidores do Mestre Jesus. Uma parte deles, porém, preferiu resguardar-se no anonimato, utilizando codinomes que em geral não permitem devassar sua identidade, o que é perfeitamente compreensível. Afinal, o próprio Kardec, nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail, não houve por bem ocultar seu verdadeiro nome, famoso na França do séc. XIX, em proveito da Doutrina dos Espíritos? Neste despretensioso trabalho tentamos lançar luzes novas sobre esses inolvidáveis colaboradores da Codificação, numa singela homenagem ao muito que fizeram em prol de nosso esclarecimento. Para tanto, fomos buscar informações disponíveis na Internet, em sites como o da Wikipedia e o da Federação Espírita Brasileira (FEB), dentre outros. Com isso, pensamos, é possível enriquecermos um pouco mais nossa cultura espírita. 



39.Michel (Bordeaux, 1862) 

Ante a impossibilidade de identificar um Espírito apenas pelo prenome, tal esse Michel que assina mensagem sobre a piedade (item 17 das Instruções dos Espíritos do Cap. XIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo - "Que vossa mão esquerda não saiba o que faz vossa mão direita"), o melhor a fazer é comentar sobre o tema abordado, como segue nesse texto escrito pelo confrade Vinicius Del Rey Menezes, de São Paulo:

Jesus aproximou-se da singela casa onde os irmãos Maria, Marta e Lázaro moravam, em Betânia. O Mestre, junto de seus discípulos, fora para lá, pois Lázaro havia morrido há quatro dias.
Marta, ao saber que Jesus se aproximava, correu em direção ao Mestre e, ao encontrá-lo no meio do caminho, ajoelhou-se aos seus pés e disse:
– Senhor, se você estivesse aqui, meu irmão não teria morrido.
Lágrimas amargas desceram pela face de Marta.
Jesus, ao vê-la chorando, comoveu-se e chorou com ela.

Esse trecho do Evangelho narrado por João causa estranheza em muitos que estudam os ensinamentos de Jesus.
Como o Mestre dos Mestres, ciente de que a vida não acaba na morte do corpo físico, podia chorar ante a morte de Lázaro?
Como Jesus, médium pleno, podia se consternar diante da morte de um amigo?
Como o Cristo, o ungido de Deus, podia se abalar ante as angústias e dúvidas levantadas pela morte?
O que poucos percebem nessa passagem é que Jesus não chorou pela morte de Lázaro.
Jesus chorou por ver Marta sofrendo.
Jesus chorou por não desdenhar das dores que Marta sentia.
Jesus chorou por piedade a Marta.
A piedade é um dos sentimentos mais sublimes.

O Espírito Michel, em comunicação realizada em Bordeaux em 1862 e reproduzida por Kardec na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, define a piedade da seguinte maneira:

– A piedade, uma piedade bem sentida, é amor; o amor é devotamento; o devotamento é o esquecimento de si mesmo; e esse esquecimento, essa abnegação em favor dos infelizes, é a virtude por excelência, a que praticou, em toda a sua vida, o Divino Messias, e que ensinou em sua doutrina tão santa e tão sublime.


Enquanto a piedade faz pulsar o coração em benefício ao próximo, o egoísmo o faz endurecer-se.
Por causa do profundo egoísmo em que a humanidade se encontra, a piedade tem sido muito pouco praticada.
Falta piedade dos pais para com as revoltas dos filhos.
Falta piedade dos filhos para com a indiferença dos pais.
Falta piedade dos professores para com as dificuldades dos alunos.
Falta piedade dos alunos para com o cansaço dos professores.
Falta piedade entre os grupos de amigos para com as diferenças entre si.
Falta piedade entre os namorados para com as expectativas do outro.
Falta piedade entre os casais para com as frustrações de cada um.

Por isso, na sociedade como um todo, falta piedade dos políticos para com o povo, falta piedade entre os grupos sociais, enfim, entre a população em geral. Isso sem falar na falta de piedade para com os criminosos…

Jovem! Deixe a piedade aflorar em seu coração. Nunca refreie esse nobre sentimento. Nunca tenha vergonha de demonstrá-la em público. Nunca deixe o pensamento “o que as pessoas vão falar de mim?” impedi-lo de estender a mão a quem precisa de sua ajuda, de sua palavra, de seu sorriso ou simplesmente de suas lágrimas. Lembre-se: Jesus, o Mestre dos Mestres, chorou na frente de todos para amparar uma irmã sofredora.

(Fonte: gfranciscodeassis.org.br)


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