Ao som do “Hino português”

Francisco Muniz


“Jesus vela pela barca terrestre e condu-la com segurança ao porto de abrigo, sendo infrutuosas todas as tentativas de dificultar-Lhe o ministério de amor de misericórdia.” 
(Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Pereira Franco) 


É “Intercessão providencial” o título do primeiro capítulo do livro Perturbações Espirituais, no qual o autor espiritual, Manoel Philomeno de Miranda, utilizando a pena mediúnica de Divaldo Franco, começa a relatar a preparação, numa esfera espiritual superior, para socorrer algumas instituições espíritas terrenas “seriamente sitiadas por tenebrosa organização do Mal”. Forma-se então um grupo de entidades abnegadas especialmente convidadas para o mister, dentre as quais se encontrava o Dr. Carneiro de Campos, que fora médico de destacado renome em terras da Bahia. Reuniram-se para ouvir palestra de nobre entidade de plano mais elevado e no início da cerimônia foram recepcionados com um coral de crianças entoando o Adeste fideles, composição atribuída ao rei de Portugal D. João IV e por isso conhecida mundialmente como “Hino português”, a qual é mais ouvida na época do Natal.

Após a prece, apresenta-se a venerável servidora de Jesus, que ali estava para rogar assistência para a comunidade espírita atuante no solo do planeta “que, neste momento, experimenta severos testemunhos”. Diz ela não ignorar que “as forças do Mal, ensandecidas e furiosas ante o crescimento dos adeptos do Consolador (...) sentem-se ameaçadas”, uma vez que “o amor a Jesus em todas as épocas da Humanidade sempre tem provocado a ira dos adversários da Verdade que O temem”. Desse modo tais legiões investem contra os trabalhadores do Bem, julgando que “destruindo seus corpos, aniquilam os seus ideais libertadores”. E tudo porque as hostes do Consolador, o Espiritismo, que é o Cristianismo redivivo, postulam “recuperar os Espíritos enfermos, desertores e extraviados, a fim de trazê-los de volta ao Cordeiro de Deus”.

Antes de seguirmos adiante, talvez seja útil recordar preciosa lição de Emmanuel, que por sua vez recorre a inestimável conselho de Paulo de Tarso, segundo quem “a fé não é de todos”, conforme a segunda Epístola aos Tessalonicenses (3:2). Eis o que diz o mentor de Chico Xavier, no livro Pão Nosso: “Pelas palavras de Paulo, percebe-se-lhe a certeza de que as criaturas perversas se aproximam dos núcleos de trabalho cristianizante, que a malícia delas poderia causar-lhes prejuízos e que era necessário mobilizar os recursos do espírito contra semelhante influência.” Por aí notamos que os espíritos do Mal se valem de encarnados incautos por sua malícia para desfechar seus ataques sobre as instituições atingindo os encarnados bem intencionados. Torna-se, por isso, imperioso aos trabalhadores comprometidos com os ideais do Evangelho terem em mente a recomendação do Cristo Jesus: “Orai e vigiai para não cairdes em tentação”.

A Benfeitora – em quem poderíamos reconhecer Joanna de Ângelis, pelo retrato que dela faz Philomeno – declara a preocupação do Alto quanto aos destinos da grande família humana, exaltou a importância do Consolador e do trabalho de seus auxiliares, e por fim anunciou a próxima vinda do “poverello” de Assis ao palco do mundo, “para apascentar o rebanho de levá-lo a Jesus”. Cantando o hino da esperança, ela explicou que então se verá sobre a Terra “um ministério de alta abnegação, qual aconteceu nos inolvidáveis dias do passado, quando modificou totalmente a estrutura da fé cristã, embora as tremendas adulterações que vieram após a sua desencarnação”.

Segundo a nobre Entidade, a intituição espírita da atualidade “deve evocar a Casa do Caminho, onde Pedro, Tiago e João viveram os ensinamentos de Jesus e mantiveram a continuação do contato com o Mestre, a fim de que tivessem forças para o testemunho, o sublime holocausto da própria vida”. De suas palavras ponderosas, a nós transmitidas pelo esforço caritativo de Manoel Philomeno, entendemos a extensão de nossas responsabilidades e vemos, consternados, que ainda não fazemos tudo que nos diz respeito para melhor colaborarmos com os prepostos de Jesus. Mesmo assim, eles vêm até nós:

“– É chegado o momento de intensificarmos o intercâmbio feliz com os companheiros mergulhados na indumentária carnal, que se têm mantido fiéis e padecem as injunções difíceis do momento turbulento” – salienta a Benfeitora, apontando o muito que ainda há a se fazer: “De todo lado se apresenta o sofrimento em multifaces, cada hora alcançando uns e outros, sem qualquer exceção, porque o momento é de seleção de valores, no qual, aqueles que estiverem com Jesus, definir-se-ão pela permanência na batalha, enquanto outros optarão pelos prazeres em que se comprazem”.

Dado o recado, é salutar que nos entreguemos ao trabalho.

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