Tua dor

Irmã Rafaela

Tu tens chorado tanto, minh´alma querida! O que te aflige assim? Derramas lágrimas não inutilmente, por certo, que para tudo haverá uma razão. Qual será a de tua dor? Que se passa em teu coração? Não é ele habitado pelo Senhor de nós todos? Sentirá ele a ausência desse ser querido cuja simples lembrança produz calor e consolo nas almas doloridas?
Ah, não chores tanto, embora devas chorar às vezes, para suavizar o peito que melhor se balsamiza ante o contato das lágrimas vertidas pela via da sensibilidade. Mas não chores tanto, que lágrimas demais podem te levar ao mar da incompreensão e da revolta. Antes, aceita o momento da reflexão e humildemente pede a resposta de tuas aflições, porquanto bem será esse o instante em que deverás abrigar-te na oração e conversar intimamente com teu Criador, para que ele te dê o lenitivo de que necessites.
Talvez chores não por ti mesmo, mas por alguém ao teu lado que, invisivelmente, recorre a teus préstimos em busca desse consolo que vem pela prece. Um ser querido que te procura assim sabe que podes socorrê-lo, emprestando teu coração - a sensibilidade de tua alma - para talvez fechar feridas ou, ao menos, facilitar seu contato com a Divindade, através da simples intercessão. Em casos assim, tuas lágrimas são mais que bem vindas, mais que bem derramadas, pois lenirá dois corações, o dele e o teu, mesmo que no momento não tenhas dores a lenificar...
Pensa neles, nos que partiram, nos que se encontram do outro lado da vida, mas tão próximos que também se afiguram como o próximo da parábola evangélica referida pelo Cristo Jesus, nosso guia e nosso modelo de bom comportamento. E assim como o Divino Amigo nos recomenda a todos, abre teu coração para esse amor desconhecido, o amor que se doa em favor de desconhecidos, embora só o sejam porque não os vês, caso contrário perceberias que em verdade são seres muito queridos ao teu coração e aí então chorarias mais intensamente, percebendo que deixaste de muito fazer por eles, fazendo por ti mesmo...

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